Transe

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Consciência e Inconsciência: 4.1. Consciência; 4.2. Inconsciência; 4.3. Dissociação da Consciência. 5. Tipos de Transe: 5.1. Transe Hipnótico; 5.2. Jejum e Drogas Psicotrópicas; 5.3. Transe Mediúnico. 6. Transe e Mediunidade: 6.1. Mecanismo Fisiológico do Transe; 6.2. O Médium; 6.3. Fases do Transe Mediúnico. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O que se entende por transe? Quais são as formas de transe? Qual a raiz do transe? Como se processa o transe hipnótico? E o mediúnico? Qual o mecanismo fisiológico do transe? As drogas induzem o transe?

2. CONCEITO

Transe. É um estado de baixa tensão psíquica com estreitamento do campo da consciência e dissociação. É caracterizado pela suspensão dos movimentos voluntários, e às vezes pelo automatismo da atividade ou do pensamento.

Para os discípulos de Wilhelm Reich, o transe é a reação da mente aos efeitos produzidos pela misteriosa "energia orgone"; para alguns junguianos, o transe é como "uma descida ao inconsciente coletivo"; para os behaviouristas modernos, o transe assemelha-se à inibição transmarginal, mecanismo de proteção do cérebro que, sob tensão, pode alterar a forma como responde aos estímulos externos.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O transe varia desde o "transe leve" até à possessão extática. Embora haja diversos graus de manifestação do transe, a raiz do problema está na dissociação da consciência.

O homem primitivo descobriu o transe por acidente: uma concussão cerebral provocada por uma pancada na cabeça frequentemente vem associada a um estado indistinguível do transe.

O uso de drogas psicotrópicas para induzir o transe não é coisa recente. O oráculo de Delfos mascava as "ervas de Apolo", os xamãs da Sibéria tomavam agárico (o "cogumelo sagrado" das teorias modernas) e os heróis semidivinos da antiga Índia bebiam o misterioso soma.

4. CONSCIÊNCIA E INCONSCIÊNCIA

4.1. CONSCIÊNCIA

Consciência significa etimologicamente um saber testemunhado ou concomitante. Por analogia, dualidade ou multiplicidade de saberes ou de aspectos num mesmo e único ato de conhecimento. Os psicólogos aceitam o termo consciência. Dividem-na, porém, em espontânea e reflexiva. A primeira refere-se à consciência direta, imediata; a segunda, à mediata, ou seja, ao retorno do espírito sobre as ideias.

4.2. INCONSCIÊNCIA

Inconsciência. Apesar de sua base etimológica ser clara e precisa, enquanto negação da consciência, torna-se contudo extremamente difícil definir o inconsciente. O fato é devido não só à obscuridade como, também, aos vários conteúdos que o termo encerra. Quanto à inconsciência, são muitos os que a negam, alegando que, sendo a consciência própria do pensamento, o que não é consciência deixa de ser psicológico.

4.3. DISSOCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA

Dissociação é o ato de separação, usado na terminologia ocultista para descrever a separação entre corpo astral e corpo físico. Antes a psicologia não usava o termo "transe" para uma situação "transacional", que passa de um estado para outro, no caso, de um estado mental. Hoje o "transe" é um estado alterado da consciência, onde há dissociação psíquica, que pode ser superficial (consciente) hipnogógico (semiconsciente) e profundo (inconsciente). O transe é um estado ocasional.

5. TIPOS DE TRANSE

5.1. TRANSE HIPNÓTICO

No transe hipnótico, os hipnoterapeutas relaxam os sujeitos progressivamente até estes atingirem o grau de dissociação da consciência. Há, aqui, indução de terceiros. A voz, os gestos e o olhar do hipnotizador têm grande peso no processo de sugestão mental.

5.2. JEJUM E DROGAS PSICOTRÓPICAS

O transe que resulta da debilitação física é particularmente associada à religião catártica. Na Antiguidade Clássica, os sacerdotes de Trophonius parecem ter induzido o transe naqueles que consultavam o oráculo com uma combinação de jejum e maus tratos físicos. A descida à gruta se submetia a um severo regime de dieta, purgantes, eméticos e, suspeita-se, uma secreta administração de uma ou mais drogas psicotrópicas.

5.3. TRANSE MEDIÚNICO

O transe mediúnico é considerado auto-sugerido, uma forma de auto-hipnose. No transe mediúnico, os médiuns autênticos atingem voluntariamente a dissociação de consciência. No espiritismo, um particular estado psicológico e de consciência, que permite a conexão com inteligências desencarnadas e a passagem de mensagens delas originadas. O estado de transe é sinônimo de estado mediúnico, estado hipnótico, etc.

6. TRANSE E MEDIUNIDADE

6.1. MECANISMO FISIOLÓGICO DO TRANSE

Querer explicar o mecanismo do transe é entrar por um caminho nebuloso. O máximo que conseguiremos é expressar algumas hipóteses: 1) tensão forte prolongada, infligida ao cérebro, pelo corpo ou pela mente; 2) as drogas provocam falta parcial de oxigênio no cérebro; 3) os exercícios respiratórios inundam o sangue de oxigênio e privam o cérebro de açúcar.

6.2. O MÉDIUM

O médium é o intermediário entre o plano físico e o plano espiritual. É através dele que o transe se concretiza. Para tanto, deve estar sempre equilibrado em pensamentos e ações no sentido de facilitar a comunicação com as inteligências desencarnadas.

6.3. FASES DO TRANSE MEDIÚNICO

O PACEM são as fases, segundo Edgard Armond, para a comunicação do Espírito.

P — Percepção dos fluidos.
A — Aproximação do Espírito comunicante.
C — Contato do Espírito comunicante.
E — Envolvimento do médium.
M — Manifestação do Espírito comunicante.

7. CONCLUSÃO

A discussão sobre o mecanismo e os tipos de transe faz-nos pensar sobre o tema e, assim, aprendermos novos conceitos. Para o médium autêntico, porém, o que importa é a vivência da comunicação mediúnica.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.

CERVIÑO, J. Além do Inconsciente. Rio de Janeiro, FEB, 1968.

DRURY, Nevill. Dicionário de Magia e Esoterismo: Mais de 3000 Verbetes sobre Tradições Místicas e Ocultas. Tradução de Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Pensamento, 2011.

PELLEGRINI, Luis. Dicionário do Inexplicado. São Paulo: Edições Planeta.

São Paulo, março de 2015.

Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório
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