Psicologia e Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Filosofia e Psicologia: 4.1. Da filosofia à Ciência; 4.2. Psicologia como Ciência; 4.3. Alguns Filósofos e as suas Contribuições à Psicologia. 5. Discorrendo sobre a Psicologia: 5.1. O Progresso da Psicologia; 5.2. Freud e Jung, os Grandes Expoentes da Psicologia; 5.3. A Psicologia Hoje. 6. Psicologia e Espiritismo: Três Questões do Livro O consolador, de Emmanuel: 6.1. Questão 45; 6.2. Questão 47; 6.3. Questão 48. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O que se entende por Psicologia? Há diferença com relação à Psicanálise e à Psiquiatria? Que tipo de subsídios o Espiritismo nos oferece para melhor compreender este tema?

2. CONCEITO 

Psicologia.  Do grego psykhé, alma, logos, tratado, e sufixo ia. É a ciência da mente, a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento. Estuda as ideias, sentimentos e determinações cujo conjunto constitui o espírito humano. É também ciência dos fatos da consciência e das suas leis.

Psicanálise. É o processo de exame psicológico que pretende descobrir no inconsciente neuropata as tendências, os desejos e os complexos perturbadores de sua alma, trazendo-os à superfície da consciência e dando a conhecer os elementos essenciais e removíveis do mal para aplicação da psicoterapia.

Psiquiatria. Parte da medicina que estuda as doenças mentais, na sua etiologia, patogenia, manifestações clínicas e tratamento.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nos primeiros tempos do pensamento grego, a Psicologia aparece como parte da descrição geral do procedimento humano. A afirmação de que é o espírito que vê o ouve (e não os órgãos sensoriais) foi o marco inicial da investigação psicológica.

A primeira doutrina psicológica importante foi a classificação dos temperamentos, considerados como disposições individuais. Havia quatro humores – sangue, fleuma, bílis negra e bílis amarela – relacionados aos temperamentos: sanguíneo, fleumático, melancólico e colérico.

Pitágoras dizia que o corpo é o jazigo da alma. Na Terra, a alma usa o corpo por um determinado período de tempo. Daí, a crença na imortalidade da alma.

Platão admitia que os desejos se satisfaziam nos sonhos, por meio de imagens, quando se achavam adormecidas as mais altas faculdades da mente.

Estas foram as primeiras contribuições para o estudo da Psicologia, que viria mais tarde a se concretizar como ciência, no século XIX. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

4. FILOSOFIA E PSICOLOGIA

4.1. DA FILOSOFIA À CIÊNCIA

Na antiguidade, a filosofia abrangia todo o conhecimento humano. Durante a Idade Média, o saber humano dividiu-se em dois grandes setores: teologia e filosofia. A teologia diz respeito a Deus. Nesse caso, a Filosofia passou a ser o conhecimento total, menos o conhecimento de Deus. A partir do século XVII, o campo imenso da filosofia começa a partir-se. Saem do seio da filosofia as ciências particulares: as matemáticas, física, química, a psicologia etc.

4.2. PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

A Psicologia é uma disciplina que estuda os fatos psíquicos e os seus desdobramentos. Isso ocorre desde o século XVIII. Classicamente confundida com a descrição apenas dos fatos conscientes por meio da introspecção, a Psicologia só se afirma como “ciência”, independente da filosofia, e, objetiva, a partir da 2.ª metade do século XIX. Esse movimento se confirma com a elaboração progressiva de diversos métodos quantitativos e testes, além da constituição de várias teorias – behaviorismo e Teoria da Gestalt.  (Durozoi, 1993)

4.3. ALGUNS FILÓSOFOS E AS SUAS CONTRIBUIÇÕES À PSICOLOGIA

Santo Agostinho (430 d.C.) estudou problemas da Psicologia sob o ponto de vista de um observador que descreve vivências reais, sendo que os passos de suas Confissões relativos à memória e à exaltação espiritual, podem ser considerados como contributos permanentes para a literatura psicológica.

Thomas Hobbes (1588-1679) é considerado por alguns como o pai da Psicologia moderna, devido ao fato de fazer um sumário da psicologia que inclui tanto o aspecto individual como o social. Falou sobre as sensações, a imaginação e os sonhos. O método usado por Hobbes inspira-se no das Ciências físicas, e particularmente nas da mecânica de Galileu.

Descartes – com a sua dualidade espírito matéria –, concebeu a possibilidade de uma ação puramente mecânica, tal como vemos no ato reflexo.

Locke, em seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, mesmo não sendo uma obra psicológica, inaugurou a psicologia da associação de ideias.

Poder-se-ia falar também de Berkeley, Malebranche, Hume etc. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

5. DISCORRENDO SOBRE A PSICOLOGIA

5.1. O PROGRESSO DA PSICOLOGIA

A psicologia trata do funcionamento da mente, tanto nos seus aspectos normais quanto nas disfunções e distúrbios, ao passo que a psiquiatria lida apenas com os últimos. Os primeiros estudos psicológicos científicos investigaram a percepção sensorial humana e datam do século XIX. Esta e outras questões foram inicialmente exploradas por filósofos como Locke e Hume, que teorizaram sobre a emoção, motivação, sensação, memória e compreensão. O método experimental e o desenvolvimento de testes estatísticos foram cruciais para o avanço da Psicologia. As maiores descobertas foram feitas através de trabalhos mais informais e qualitativos, como os estudos conversacionais sobre o raciocínio infantil, realizados por Piaget, na Áustria. Freud criou a psicanálise como método de tratamento das neuroses, mas ampliou-a, transformando-a em teoria geral sobre a personalidade, motivação, desenvolvimento infantil e doenças mentais. (Nova Enciclopédia Ilustrada da Folha)

5.2. FREUD E JUNG, OS GRANDES EXPOENTES DA PSICOLOGIA

Sigmund Freud deu grande impulso à Psicologia. Ele interpretou os sonhos e desenvolveu o "método da associação livre", pelo qual conseguiu obter a cura de muitas doenças mentais. Neste método, os seus pacientes falavam "qualquer coisa que lhes viesse à cabeça". Freud buscava então desvendar os sentimentos reprimidos nessas manifestações.

Carl Gustav Jung, deu sequência ao trabalho desenvolvido por Freud, porém de modo mais científico. Jung aprofundou-se no estudo do inconsciente.

5.3. A PSICOLOGIA HOJE

De acordo com Silney de Souza, presentemente a Psicologia já discute de uma forma mais profunda a estrutura e a origem da chamada "zona inconsciente". Se Freud começou a desvendar os "véus da alma" pela descoberta das atividades do inconsciente, Jung aprofundou-se no psiquismo, definindo então o inconsciente coletivo. Faltou-lhe, no entanto, considerar os vínculos com o passado, resultante das vivências renovadas pelo mecanismo da reencarnação. (04/08/2009)

6. PSICOLOGIA E ESPIRITISMO: TRÊS QUESTÕES DO LIVRO O CONSOLADOR, DE EMMANUEL

6.1. QUESTÃO 45

A psicanálise freudiana, valorizando os poderes desconhecidos do nosso aparelhamento mental, representa um traço de aproximação entre a Psicologia e o Espiritismo?

Essas escolas do mundo constituem sempre grandes tentativas para aquisição das profundas verdades espirituais, mas os seus mestres, com raras exceções, se perdem na vaidade dos títulos acadêmicos ou nas falsas apreciações dos valores convencionais.

Os preconceitos científicos, por enquanto, impossibilitam a aproximação legítima da Psicologia oficial e do Espiritismo.

Os processos da primeira falam da parte desconhecida do mundo mental, a que chamam de subconsciente, sem definir essa cripta misteriosa da personalidade humana, examinando-a apenas na classificação pomposa das palavras. Entretanto, somente à luz do Espiritismo poderão os métodos psicológicos aprender que essa zona oculta, da esfera psíquica de cada um, é o reservatório profundo das experiências do passado, em existências múltiplas da criatura, arquivo maravilhoso em todas as conquistas do pretérito são depositadas em energias potenciais, de modo a ressurgirem no momento oportuno.

6.2. QUESTÃO 47

Por que, relativamente ao estudo dos processos mentais, se encontram divididos no campo da opinião os psicologistas do mundo?

Os psicologistas humanos, que se encontram ainda distantes das verdades espirituais, dividem-se tão-só pelas manifestações do personalismo, dentro de suas escolas; mesmo porque, analisando apenas os efeitos, não investigam as causas, perdendo-se na complicação das nomenclaturas científicas, sem uma definição séria e simples do processo mental, onde se sobrelevam as profundas realidades do espírito.

6.3. QUESTÃO 48

O Espiritismo esclarecerá a Psicologia quanto ao problema da sede de inteligência?

Somente com a cooperação do Espiritismo poderá a ciência psicológica definir a sede da inteligência humana, não nos complexos nervosos ou glandulares do corpo perecível, mas no espírito imortal.

7. CONCLUSÃO

O Espiritismo é a síntese de todo o processo de conhecimento. Os seus princípios doutrinários podem nortear qualquer ciência, filosofia ou religião. Em se tratando da Psicologia, há necessidade de seus representantes deixarem de lado a vaidade, o preconceito e o personalismo, e aceitarem as teses da imortalidade da alma, da reencarnação e dos distúrbios mentais associados à mediunidade.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].

NOVA ENCICLOPÉDIA ILUSTRADA FOLHA. São Paulo: Folha, 1996.

SOUZA, Silney: http://www.webartigos.com/articles/22428/1/PSICOLOGIA-E-ESPIRITISMO/pagina1.html#ixzz12tsJzSKx

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.

São Paulo, outubro de 2010

 

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