A Verdade e o Erro

SUMÁRIO: 1. Conceito de Verdade. 2. Conceito de Erro. 3. O Verdadeiro e o Errado. 4. Estados da Mente em Relação à Verdade. 5. Fundamento Único. 6. Critério da Verdade. 7. A Possibilidade do Conhecimento. 8. O Fundamento do Conhecimento. 9. Verdade Revelada. 10. Caráter da Revelação Espírita. 11. O Paradoxo. 12. Bibliografia Consultada. 13. Texto Sintético. 14. Questões. 15. Temas para Debate.

1. CONCEITO DE VERDADE

Conhecimento é o reflexo e a reprodução do objeto em nossa mente.

Conhecimento verdadeiro é aquele que reflete corretamente a realidade na mente.

Verdade é o reflexo fiel do objeto na mente, adequação do pensamento com a coisa.

É verdadeiro todo o juízo que reflete corretamente a realidade (1).

2. CONCEITO DE ERRO

O erro é o conhecimento que não reflete fielmente a realidade e por isso mesmo não corresponde à realidade.

O erro consiste no desacordo, na não-conformidade, na inadequação do pensamento com a coisa, do juízo com a realidade (1).

3. O VERDADEIRO E O ERRADO

O que existe na realidade não pode ser verdadeiro ou errado. Simplesmente existe.

Verdadeiros ou errados só podem ser nossos conhecimentos ou juízos a respeito do objeto.

Em outras palavras, verdadeiro ou errado pode ser apenas o reflexo subjetivo da realidade objetiva (1).

4. ESTADOS DA MENTE EM RELAÇÃO À VERDADE

Ignorância: estado de completa ausência de conhecimento do Sujeito em relação Objeto. Ignorar é desconhecer.

Dúvida: estado em que determinado conhecimento é tido como possível. Mas as razões para afirmar ou negar alguma coisa estão em equilíbrio.

Opinião: estado em que o Sujeito julga ter um conhecimento provável do objeto. Afirma conhecer, mas com temor de se enganar.

Certeza: estado em que o Sujeito tem plena firmeza de seu conhecimento em relação ao Objeto. O conhecimento surge como algo evidente (2).

5. FUNDAMENTO ÚNICO

A Filosofia procura, desde suas origens, a verdade diante da falsidade, o ser verdadeiro diante do ser aparente, o reino da certeza diante do reino da ilusão (3).

6. CRITÉRIO DA VERDADE

Evidência: o mais conhecido, divulgado e aceito critério, desde Aristóteles até nossos dias. A palavra “evidência” deriva de “ver” - ato de visão direta e imediata, obtida pela intuição de evidência.

Crítica: a evidência como critério da verdade, embora seja bastante eficiente, não é, entretanto, suficiente, pois a evidência pode ser verdadeira e falsa, real e aparente, ainda que haja no Sujeito o sentimento subjetivo de certeza (1).

Outros critérios: critério da autoridade, critério da ausência de contradição (ou da não-contradição), critério da utilidade, critério da prova, critério da prática etc.

7. A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

Somos capazes de conhecer a verdade? É possível ao Sujeito apreender o Objeto? Respondendo a essas questões existem duas correntes básicas e antagônicas na história da Filosofia:

Ceticismo: defende nossa impossibilidade de conhecer a verdade.

Dogmatismo: defende nossa possibilidade de conhecer a verdade.

8. O FUNDAMENTO DO CONHECIMENTO

Existem várias correntes filosóficas para aqueles que admitem a possibilidade do conhecimento humano:

Empirismo: defende que todas as nossas idéias são provenientes de nossas percepções sensoriais.

Racionalismo Gnosiológico: afirma que somente a razão humana pode atingir o conhecimento verdadeiro.

O Realismo Crítico e o Materialismo Dialético: meio-termo - tanto os sentidos como a razão humana têm participação determinante na origem de nossos conhecimentos (2).

9. VERDADE REVELADA

O conceito de verdade como revelação pode ser encontrado entre os empiristas e teólogos.

Os empiristas defendem que a verdade representa aquilo que, imediatamente, se revela ao homem.

Os teólogos, que a verdade é a evidência manifestada nas coisas e que o princípio de todas as coisas é Deus (2).

10. CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA

Revelar, do latim revelare, cuja raiz é velum = véu, significa literalmente sair de sob o véu, e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.

O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros ou sujeita a modificação não pode emanar de Deus.

O que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e a iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem (4).

11. O PARADOXO

A arte de pensar consiste em supor, por um momento, que as coisas poderiam ser o contrário do que são. Supor que o impossível exista é um dos preceitos da arte de inventar.

Comparar: “louco é um homem que perdeu a razão” com “louco é um homem que perdeu tudo, exceto a razão” (5).

12. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

(1) BAZARIAN, J.  O Problema da Verdade.

(2) COTRIM, G.  Fundamentos da Filosofia.

(3) VITA, L. W.  Compêndio de Filosofia.

(4) KARDEC, A.  A Gênese.

(5) GUITTON, J.  Nova Arte de Pensar.

São Paulo, dezembro de 1996.

13. TEXTO SINTÉTICO

Verdade - é o conhecimento que reflete corretamente  a realidade na mente. Erro - é o conhecimento que não reflete fielmente a realidade na mente. A realidade é o que é. Ela não é verdadeira nem falsa. Verdadeiros ou falsos são os nossos juízos acerca dela.

A verdade é uma relação entre o Sujeito e o Objeto. Embora haja várias espécies de verdade, tais como a lógica formal, a pragmática, a axiológica e outras, o seu fundamento é único: distinguir o erro da verdade. Neste sentido, estabelecem-se os argumentos dos vários sistemas filosóficos. O dogmatismo defende a possibilidade de conhecê-la; o ceticismo, não. Os empiristas admitem o conhecimento vindo, exclusivamente, pelas vias sensoriais; os racionalistas, somente pela razão.

Buscar a verdade é obter o verdadeiro reflexo da realidade. Para que possamos captá-la globalmente, temos de admitir, também, uma realidade espiritual sobreposta à realidade material. A realidade espiritual é explicada pelas diversas religiões. Assim, no contexto religioso, a verdade apresenta-se como evidência manifestada nas coisas. E o princípio de todas as coisas é Deus. Este critério da verdade é problemático. Quantos não são os fatos que, no primeiro momento, parecem verdadeiros e que são desmentidos logo após uma análise ampla e profunda.

A Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec, aceita a revelação divina. Como pode haver revelações sérias e mentirosas, há que se precaver o espírito, deixando-o de atalaia. Deve-se, também, tomar consciência de que o caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Conforme já foi dito, toda a revelação eivada de erros ou sujeita a modificação não pode emanar de Deus.

A revelação espírita apresenta-se com duplo caráter: de um lado, há a iniciativa dos Espíritos e, de outro, o trabalho do homem. Por isso, na sua elaboração, o Espiritismo procedeu do mesmo modo que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Ainda mais, um mesmo problema foi enviado a vários médiuns, em todo o mundo, a fim de se alcançar a universalidade do conhecimento.

A construção rigorosa dos princípios doutrinários dá-nos condições de melhor conhecer a realidade que nos absorve. De acordo com esses postulados, captamos as verdades que nos libertam e distanciamo-nos dos erros que nos escravizam.

14. QUESTÕES

1)  Qual o conceito de verdade?

2)  Qual o conceito de erro?

3)  Quais os estados da mente com relação à verdade?

4)  Qual o caráter da revelação espírita?

15. TEMAS PARA DEBATE

1)  Há verdades reveladas?

2)  “A arte de pensar consiste em supor, por um momento, que as coisas poderiam ser o contrário do que são”. Comente.

3)  Captarmos as verdades que nos libertam e desviarmo-nos dos erros que nos escravizam. Comente.

Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório
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