Senso Crítico

SUMÁRIO: 1. Conceito. 2. Espírito Crítico e Espírito de Crítica. 3. O Papel da Filosofia. 4. Estigma e Preconceito. 5. Passagem do Espírito não Crítico para o Espírito Crítico. 6. Pensador Crítico. 7. Senso Crítico na Ótica Espírita. 8. Bibliografia Consultada. 9. Texto Sintético. 10. Questões. 11. Temas para Debate.

1. CONCEITO

Senso Crítico é a busca da verdade pelo questionamento do “eu” do “outro” e do “mundo”.

2. ESPÍRITO CRÍTICO E ESPÍRITO DE CRÍTICA

Espírito crítico é a atitude amadurecida do homem que busca com seriedade a verdade, suprema virtude da mente.

O espírito crítico pondera razões, confronta motivos, busca o desvelamento da verdade, que tranqüiliza as exigências da razão, dissipa as trevas da ignorância e promove o progresso da mente.

Espírito de crítica é o espírito de contradição.

O espírito de crítica é o indício de uma desorganização mental, de uma superficialidade irresponsável que conduz ao ceticismo, à inanição; nasce do nada e não conduz a coisa alguma, ou nasce da inquietação pessoal e conduz à inquietação de muitos (1).

3. O PAPEL DA FILOSOFIA

A tarefa da Filosofia é desenvolver no estudante o senso crítico, que implica a superação das concepções ingênuas e superficiais sobre os homens, a sociedade e a natureza; concepções essas forjadas pela “ideologia” social dominante.

O resultado desse processo é a ampliação da consciência reflexiva do estudante, voltada para dois setores fundamentais:

- a consciência de si mesmo: crítica de si próprio enquanto pessoa e de seu papel individual e social (autocrítica).

- a consciência do mundo: compreensão do mundo natural e social e de suas possibilidades de mudança (2).

4. ESTIGMA E PRECONCEITO

Nossas concepções ingênuas forjaram “ideologias” e estigmatizaram “povos”.

Não paramos para pensar se as atitudes de alguns indivíduos referem-se ou não à totalidade das pessoas. Exemplo:

- o judeu é ganancioso;

- o negro é indolente;

- os americanos são superficiais.

5. PASSAGEM DO ESPÍRITO NÃO CRÍTICO PARA O ESPÍRITO CRÍTICO

A lei de evolução é inexorável. Neste sentido, podemos passar de uma situação não crítica para uma que seja crítica, do seguinte modo:

- de forma espontânea: quando novas crenças se chocam com as antigas e requerem uma mudança;

- de forma provocada: quando deliberamos por nós mesmos uma mudança em nossos hábitos e atitudes (3).

6. PENSADOR CRÍTICO

O espírito crítico arranca o pensador das limitações da particularidade, situando-o no plano das intencionalidades globais, originárias e finais do movimento da existência.

Para J. Ladrière, a crítica é um recuo em direção ao momento originário da existência e também um mergulho na obscuridade do futuro, na tentativa de discernir as melhores possibilidades do devir.

A crítica consiste “num discernimento, num esforço de separar o que pode ser reconhecido como válido daquilo que não o é, a fim de reencontrar as orientações autênticas das intencionalidades constitutivas” (4).

7. SENSO CRÍTICO NA ÓTICA ESPÍRITA

Podemos vê-lo, dentro da ótica espírita, sob três aspectos:

1º) vias de inspeção: as informações nos chegam através das percepções sensoriais e das extra-sensoriais. Passam, primeiramente, pelo corpo físico; depois, pelo corpo perispiritual, e, por último, chegam ao Espírito propriamente dito. O senso crítico está localizado no Espírito, que faz a seleção de tudo o que lhe chega, enviando de volta, como crítica conceituada.

Graficamente

2º) herança e automatismo: o princípio inteligente estagiando no reino mineral adquiriu a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão. Hoje, somos o resultado de toda essa herança cultural.

3º) a evolução é do Espírito: a lei do progresso exige que o princípio inteligente vá-se despojando dos liames da matéria. Para que tenhamos um olhar crítico, devemos libertar-nos da obscuridade da matéria, consubstanciada no egoísmo, no orgulho e no interesse próprio (5).

O Espiritismo auxilia-nos a pensar criticamente, porque enfoca o ser no seu sentido global, ou seja, relaciona-o às existências anteriores.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

(1) RUIZ, J. A.  Metodologia Científica.

(2) COTRIM, G.  Fundamentos da Filosofia.

(3) BORNHEIM, G. A.  Introdução ao Filosofar.

(4) LADRIÈRE, J.  Filosofia e Práxis Científica.

(5) LUIZ, A.  Evolução em Dois Mundos.

São Paulo, dezembro de 1996.

9. TEXTO SINTÉTICO

Senso crítico  -  é a busca da  verdade pelo questionamento do “eu”, do “outro” e do “mundo”. Tenciona-se, com isso, superar as concepções ingênuas formadas pela “ideologia” dominante.

O espírito crítico distingue-se do espírito de crítica. No primeiro, procura-se a verdade de forma amadurecida, ou  seja, estimula-se o progresso mental, pela ponderação  de razões e discussão de motivos. No segundo, desenvolve-se o  espírito de contradição, não no sentido positivo, mas no sentido de que,  uma vez estabelecida a inquietação pessoal, passa-se à inquietação de muitos. Há que se evitar a crítica contumaz e leviana.

O pensador crítico afasta-se das limitações particulares e impulsiona o seu pensamento para as generalizações da existência. Não perde tempo com  questiúnculas,  tratando, exclusivamente, dos  aspectos relevantes da  evolução  do ser. Direciona seu  entendimento não somente para o  futuro  obscuro, tentando captar o seu devir, como também para o passado, buscando suas  origens. Neste vai-e-vem não esquece o presente,  vivendo-o intensamente, com todas as forças de sua alma.

O  senso  crítico, segundo o espiritismo, é realizado pelo Espírito. Como se explica?  Há percepção sensorial  e percepção  extra-sensorial.  Nossa  mente capta  as  sensações  e transmite-as ao perispírito.  Este, por sua  vez,  envia-as  ao Espírito, que faz a crítica e retorna-as, em seguida, como crítica conceituada.  A  essência  espiritual é a herança  de  todas  as encarnações e, de acordo com nossas vivências anteriores, podemos ser mais ou menos ricos de inteligência e de moral.

O  princípio  inteligente, na sua escalada evolutiva, adquiriu a atração no reino mineral; a sensação, no reino vegetal;  o instinto, no reino animal; o pensamento  contínuo,  a razão e o livre-arbítrio, no reino hominal.  Disso  resulta os automatismos de nossa existência, em que a linguagem, o tato e a locomoção são os aspectos positivos, e os vícios e  defeitos,  os negativos.  Na  presente encarnação, temos de nos esforçar para estimular os atos bons, reprimindo, em contrapartida, os maus.

A evolução é do Espírito. Para que possamos melhorar o nosso "olhar  crítico", temos de nos despojar dos automatismos negativos. Essa atitude, tornando-se constante, libera  a  nossa mente para a compreensão das essências mais puras do nosso ser.

10. QUESTÕES

1)  O que é senso crítico?

2)  Qual a distinção entre espírito crítico e espírito de crítica?

3)  Qual o papel da Filosofia?

4)  Como se dá a passagem do espírito não crítico para o crítico?

11. TEMAS PARA DEBATE

1)  É fácil adquirir o olhar crítico? Em caso contrário, o que dificulta tal aquisição?

2)  O pensador crítico e as generalizações da existência. Comente.

3)  Relacione senso crítico e Espiritismo.

4)  Para que possamos melhorar o nosso “olhar crítico”, temos de nos despojar dos automatismos negativos?

Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório
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