Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Relativismo: 4.1. Aristóteles e as Relações; 4.2. Relativismo Pré-Socrático; 4.3. Relativismo e a Prática Científica. 5. Mecanicismo: 5.1. O Mecanicismo em Biologia; 5.2. Silogismo Histórico; 5.3. Críticas ao Mecanicismo. 6. A Relatividade: 6.1. Contribuições Anteriores a Einstein; 6.2. A Relatividade Einsteiniana; 6.3. Consequências da Teoria da Relatividade. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
A imagem do mundo teve uma ruptura com a presença dos cientistas que procuraram questionar o senso comum. Entre eles, Albert Einstein, com a sua teoria da relatividade especial (1905) e geral (1916), se destaca.
2. CONCEITO
Mecanicismo. Teoria filosófica segundo a qual todos os corpos se explicam através de dois princípios: a matéria homogênea e o movimento local. Concebida a matéria como inerte, um dos problemas da teoria é o de explicar como nela se instala o movimento. A questão conduz necessariamente ao tema da causalidade.
Relativo.
Que se refere a um objeto. Que não é absoluto, portanto, mais particularmente,
que não basta a si mesmo e depende de um outro termo ou objeto.
Relativismo. Doutrina que considera todo conhecimento relativo como
dependente de fatores contextuais, e que varia de acordo com as circunstâncias,
sendo impossível estabelecer-se um conhecimento absoluto e uma certeza
definitiva.
Relatividade. Estado ou
característica daquilo que é relativo. Condicionalidade, contingência.
Na Física, é uma teoria proposta por Albert Einstein que alargou os conceitos de
tempo, espaço e movimento, revolucionando a física clássica.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O modelo mecanicista, baseado na física clássica elaborada por Newton, entra em crise nos começos do século XX, quando alguns cientistas começaram a questionar os pressupostos básicos desta teoria, ou seja, espaço e tempo absolutos.
A teoria da relatividade de Einstein, a teoria do átomo de Bohr e a mecânica quântica de Heisenberg fazem parte dessa mudança profunda.
Uma vez assimiladas essa concepções, a imagem do mundo transforma-se, e obriga-nos a reformular os pressupostos tradicionais do pensamento ocidental.
4. RELATIVISMO
4.1. ARISTÓTELES E AS RELAÇÕES
Para Aristóteles, as coisas são relativas quando, para existir, umas dependem das outras, umas se relacionam com as outras. Exemplo: o maior só é maior em relação ao menor, e o duplo em relação à metade; o escravo depende do seu correlativo, o senhor; o senhor, do escravo. Nesse sentido, todos os seres que dependem de outros seres são relativos. Totalmente independente, isto é, auto-suficiente, é o absoluto, que corresponde à ideia de Deus.
4.2. RELATIVISMO PRÉ-SOCRÁTICO
O relativismo enfatiza a dependência do conhecimento ao sujeito que conhece. Levado às últimas consequências, confunde-se com o ceticismo, isto é, com a posição filosófica que sustenta a impossibilidade do conhecimento.
Como reflexão crítica do conhecimento, as suas origens encontram-se entre os pré-socráticos, que distinguiam dois caminhos: a opinião (doxa) e a razão, ciência (episteme). Parmênides de Eleia critica o conhecimento sensível, que revela apenas a mudança e a multiplicidade, e não permite apreender o ser verdadeiro, uno e imóvel. Demócrito, no séc. V a.C., também critica o conhecimento sensível, que qualifica de "obscuro", em oposição ao conhecimento "legítimo", que é proporcionado pela razão.
4.3. RELATIVISMO E A PRÁTICA CIENTÍFICA
O relativismo é contestado pela ciência e pela técnica. O êxito da ciência e da técnica atesta a coincidência entre a res extensa e a res cogitans, mostrando que, ao conhecer, o sujeito não permanece enclausurado nos próprios limites, mas apreende o mundo objetivo que independe, em sua existência e em sua estrutura, da consciência do sujeito que o percebe.
5. MECANICISMO
5.1. O MECANICISMO EM BIOLOGIA
Em biologia, a perspectiva opõe-se às diversas formas assumidas pelo vitalismo, neovitalismo, organicismo, emergentismo etc. O organismo se assemelha à máquina, mesmo admitindo um grau mais elevado de complexidade. Tudo se explica em termos de pura extensão e simples movimento local.
5.2. SILOGISMO HISTÓRICO
Para Descartes, a biologia é um simples capítulo da mecânica. Mesmo admitindo a composição dualista do ser humano, Descartes não atingiu a posição radical. Tal radicalização deu-se através um silogismo histórico: a premissa maior está com Descartes (todos os animais são autômatos), a menor com Darwin (o homem é um animal) e a conclusão com Watson (todos os homens são autômatos).
5.3. CRÍTICAS AO MECANICISMO
Bérgson demonstra a incompatibilidade entre os processos biológicos e a simples redução deles a atividades físico-químicas. Ernest Nagel apresenta razões válidas a seu favor, embora admitindo que a redução dos processos biológicos a fenômenos físico-químicos não constitui condição necessária e única para sua adequada investigação. Há restrições, também, no campo da psicologia. Além disso, as modernas noções de "estrutura", de "campo", de "função", demonstram a insuficiência das explicações baseadas na noção de uma causalidade linear.
6. A RELATIVIDADE
6.1. CONTRIBUIÇÕES ANTERIORES A EINSTEIN
O termo "relatividade" procede da obra A ciência e a hipótese (1902), do matemático francês Henri Poincaré (1854-1912). Einstein se vale, também, da teoria dos campos eletromagnéticos de James C. Maxwell (1831-1879), do conceito de campo que tem como precursores Heinrich Hertz (1857-1894) e Hendrik A Lorentz (1853-1928) - e que expressa uma realidade físico-geométrica independente do movimento do observador - e da teoria do espaço-tempo, pseudo-euclidiano, do matemático russo Hermann Minkowski (1864-1909), à qual se deve somar a noção de curvatura introduzida pelo matemático alemão Bernhard Reemann (1826-1866).
6.2. A RELATIVIDADE EINSTEINIANA
De Galileu a Newton, a física clássica considerava o movimento como relação determinada por sua referência a parâmetros julgados absolutos, o espaço e o tempo. Para Einstein, ao contrário, o espaço e o tempo se concebem em função do movimento, que se torna, assim, o absoluto. Só há uma realidade, a que é descrita pela ciência física, a partir do ponto de vista em que se encontra o observador e que é relativa, portanto, à sua perspectiva. Única que se pode apreender, essa realidade relativa é, no entanto, a realidade verdadeira ou absoluta. A relatividade einsteiniana distingue-se, assim, nitidamente, do relativismo tradicional, filosófico, para o qual o conhecimento é relativo porque não logra alcançar o absoluto.
6.3. CONSEQUÊNCIAS DA TEORIA DA RELATIVIDADE
1) Noção de espaço-tempo. Einstein altera radicalmente as noções de distância e duração. As filosofias anteriores baseavam-se na ideia de uma ordem temporal definida que abrange a totalidade de acontecimentos do Universo. Isto torna-se insustentável diante da teoria da relatividade.
2) Concepção de matéria. Tradicionalmente ligada à noção de substância, todas as concepções anteriores perdem a validade a partir do momento em que a física declara que a matéria constitui uma cadeia de entidades, com algumas relações mútuas, sujeitas a uma determinada duração de modo algum absoluta.
3) Generalização promovida por Einstein em 1916-1917. "Na concepção einsteiniana, baseada numa geometria não-euclidiana, sobressai a ideia de um Universo fechado e finito, no qual a força de gravidade, que unifica todo o sistema newtoniano, fica reduzida a um movimento particular de um corpo num espaço determinado por massas de matéria. Esta aparece distribuída de modo uniforme no espaço, e as partículas de que se compõe, em lugar de estarem reguladas - por forças (no sentido da física newtoniana), movem-se livremente em determinadas direções".
7. CONCLUSÃO
Mecanicismo e teoria da relatividade mostram a evolução de ciência física. Paralelamente, estimulam a mudança de nossa concepção de mundo, pois a partir dessas informações, o nosso modo de pensar já não é mais o mesmo.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1987.
TEMÁTICA BARSA - FILOSOFIA. Rio de Janeiro, Barsa Planeta, 2005.
São Paulo, setembro de 2013.
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