Leibniz, Gottfried Wilhelm

"Nada acontece sem que haja uma razão suficiente para ser assim e não de outro modo."
- Carta a Samuel Clark 

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Dados Pessoais. 3. Considerações Iniciais. 4. O Conhecimento. 5. A Mônada. 6. Deus é um Grande Relojoeiro. 7. O Átomo Espiritual. 8. O Mal. 9. A Consciência. 10. Teodiceia. 11. Monadologia. 12. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Quem foi Leibniz? Qual a sua contribuição para a história da filosofia? Em que época viveu? Qual o fundamento da sua monadologia? Tudo o que acontece tem uma razão de ser? 

2. DADOS PESSOAIS 

Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) nasceu em Leipzig e estudou Direito, Filosofia e Matemática em Iena. Recebeu o grau de doutor em Direito com a idade de 20 anos. Serviu como conselheiro bibliotecário da corte, em Hanover, até ao dia de sua morte. Sonhou com a fundação de uma confederação dos Estados europeus. Descobriu, em 1676, ao mesmo tempo que Newton, o cálculo infinitesimal. Trabalhou para a reunião das Igrejas católica e protestante. Suas obras mais importantes: Ensaio Filosófico sobre o Entendimento Humano (1690), Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano (1704), A Teodiceia (1710) e A Monadologia (1714). Sua filosofia é influenciada pelo mecanicismo cartesiano e pelas causas finais de Aristóteles (Japiassú, 2008) 

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 

Leibniz critica a lógica tradicional, partindo do pressuposto de que o mundo “é o cálculo de Deus”. Tinha a intenção não de demonstrar verdades conhecidas, mas descobrir novas verdades. Imagina, para isso, uma combinatória universal que permitisse estudar, a priori, todas as combinações entre os conceitos.  

Ele dizia: "Enquanto Deus calcula e exerce o seu pensamento, o mundo se faz." 

4. O CONHECIMENTO 

Parte da diferença entre verdades de razão (baseadas nos princípios de identidade e não-contradição) e verdades de fato (realidade contingente). Baseia-se também no fundamento nihil est sine ratione (nada é sem razão) e o batiza como o "princípio de razão suficiente”. Acrescenta o princípio da identidade dos indiscerníveis, em que defende: “Não existem na Natureza dois seres reais absolutos que sejam indiscerníveis, pois se existissem Deus e a Natureza trabalhariam sem razão tratando um de modo diferente do outro”. A razão suficiente exige, em consequência, a individualização do ser. (Temática Barsa) 

5. A MÔNADA 

Ao contrário de Descartes que pressupunha a dualidade da substância, Leibniz a vê como inextensa e indivisível, chamando-a de mônada. Para ele, o número de mônadas é infinito; elas são indestrutíveis e imortais; foram criadas instantaneamente por Deus. No mundo inorgânico, as mônadas não são conscientes; no mundo animal, possuem capacidade de associar ideias; no mundo humano, são espíritos finitos que têm autoconsciência. No topo desta hierarquia está a “mônada das mônadas”, ou seja, Deus.  

6. DEUS É UM GRANDE RELOJOEIRO 

Leibniz vê Deus como um grande relojoeiro: no início, sincronizou todos os movimentos e pensamentos das mônadas. Assim, o mundo criado por Deus não é necessário, mas um dos mundos possíveis que a mente divina concebe. Sua existência deriva da “verdade de fato” e não da “verdade da razão”. Entre os mundos possíveis, Deus escolhe “o melhor”.  

7. O ÁTOMO ESPIRITUAL 

A mônada é um átomo espiritual. Para entendê-la, deveríamos compará-la à mente humana. A mônada é “um microcosmo, um espelho vivo do universo para o qual tudo é, ao menos potencialmente, inteligível. Como um verdadeiro átomo espiritual, possui todas as características da espiritualidade: percebe – ou seja, conhece o mundo a partir de um particular ponto de vista – e apetece, ou seja, deseja –, tendendo sempre à realização de um fim, de um projeto". (Nicola, 2005) 

8. O MAL 

Leibniz diz que aquilo que se nos configura como mal (dor, morte, pecado) não é absolutamente uma condição da imperfeição do universo. Segundo o seu ponto de vista, um mundo sem dor não seria melhor do que o atual: as piores coisas têm a sua significação na economia do todo, pois a economia nada mais é do que a realização de um fim pelos meios mais simples. (Nicola, 2005) 

9. A CONSCIÊNCIA 

Leibniz, ao tratar da Mônada, afirma que a consciência não é um ingrediente necessário ao pensamento e à sensação. Ele diz que há percepções tão pequenas que não podem ser compreendidas pela consciência, mesmo agindo sobre os órgãos dos sentidos. Exemplo: acostumar-se com um ruído faz com que ele não seja mais notado. (Nicola, 2005) 

10. TEODICEIA 

“Em Teodiceia (1710), um de seus poucos livros, Leibniz discute como conciliar a existência de um Deus todo-poderoso, benevolente, com o fato de haver situações desagradáveis no mundo. Ele evoca o princípio da razão suficiente, segundo o qual tudo tem uma razão de existir, e para existir da maneira como existe. Portanto, no caso em que Deus teve de decidir que tipo de mundo criar, ele deve ter tido razão suficiente para criar este mundo em que vivemos. E como Deus é moralmente perfeito, sua escolha só pode ter sido determinada pela valor do nosso mundo, o que por sua vez significa que o nosso mundo é o melhor dos mundos possíveis. Foi essa questão de "melhor dos mundos possíveis" que Voltaire ridicularizou sem dó nem piedade em seu romance Cândido, à medida que um desastre após outro se abatia sobre os protagonistas”. (Levene, 2013) 

11. MONADOLOGIA 

“A obra Monadologia (1714) traz as conclusões de Leibniz sobre a composição do universo, que, de acordo com ele, é constituído de substâncias elementares chamadas mônadas (do grego monos, "sozinho"), sendo cada uma delas eterna e incorruptível. Apesar de as aparências indicarem o contrário, essas mônada não interagem umas com as outras de forma causal - causas e efeitos são ilusões, assim como espaço e tempo. Em vez disso, cada mônada se ocupar em seguir instruções pré-programadas e se comporta de determinada forma simplesmente porque isso faz parte de sua identidade: uma mônada está "grávida" de futuro e "carregada" de passado, assim como uma semente. O Deus benevolente determinou sua harmonia preestabelecida, e cada uma delas representa um reflexo minúsculo do universo”. (Levene, 2013) 

12. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.)

LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. 

NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005. 

TEMÁTICA BARSA (Filosofia). Rio de Janeiro, Barsa Planeta, 2005. 

São Paulo, maio de 2013.

Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório
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