"Aja somente de acordo com um princípio que desejaria que fosse
ao mesmo tempo uma lei universal."
Fundamentação da metafísica dos costumes
Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Dados Pessoais. 3. Considerações Iniciais. 4. Criticismo Kantiano. 5. A Priori e A Posteriori. 6. A “Virada Coperniciana”. 7. Sapere Aude. 8. O Neokantismo. 9. Kant e o Estado. 10. Crítica da Razão Pura. 11. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.12. Crítica da Razão Prática e Crítica de Juízo. 13. Conclusão. 14. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
Quem foi Kant? Em que momento surgiu no cenário histórico? Quais são as suas principais contribuições? Por que é denominado o “quebra-tudo”?
2. DADOS PESSOAIS
Immanuel Kant (1724-1804) nasceu em Königsburg, antiga Prússia, que hoje se situa na Polônia. Filho de pais pobres, tem sua formação universitária financiada por um teólogo, amigo da família. Assim, em 1740, pode se matricular na universidade de Königsburg. Em 1755, torna-se livre docente nesta mesma universidade. A partir de 1770, ano em que se faz professor catedrático, ministra diversos cursos de interesse acadêmico. É nesse período que prepara uma de suas mais importantes obras, a Crítica da Razão Pura, que veio a lume em 1781.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Kant faz uma síntese do processo filosófico.
Baseando-se na tradição racionalista que vai de Descartes a Leibniz, retém o caráter necessário e universal das verdades da razão, e a importância atribuída à lógica e à matemática.
Aproveita, também, as descobertas do método científico, feitas por Galileu e Newton.
Acredita que o conhecimento provém ao mesmo tempo da razão (a priori) e da experiência (a posteriori).
4. CRITICISMO KANTIANO
Kant está inserido no contexto do iluminismo, em que a razão predomina em todas as áreas do conhecimento: filosofia, política, cultura etc.
A crítica deve submeter a razão ao julgamento da própria razão, para não incorrer nos erros anteriores: o dogmatismo racionalista que a crê plenamente auto-suficiente; o ceticismo empirista, que acredita que todo conhecimento se reduz a experiência, sem que a razão nada acrescente; o irracionalismo, que como supervalorização do sentimento, nega a razão. (Temática Barsa)
5. A PRIORI E A POSTERIORI
O ponto de partida, segundo Kant é: “Todos os nossos conhecimentos começam pela experiência, mas nem todos os nossos conhecimentos derivam da experiência”.
De acordo com Kant, os juízos provêm da experiência e são particulares e contingentes. Há, também, juízos que são universais e necessários. Estes não procedem da experiência, mas da razão: matemática, física e lógica são exemplos.
Há, assim, dois tipos de conhecimento: a posteriori, que tem origem na experiência; a priori, que independe dela e é determinado exclusivamente pela razão. (Temática Barsa)
6. A “VIRADA COPERNICIANA”
À semelhança da virada coperniciana, referindo-se à descoberta revolucionária de que o sol é o centro do universo, feita pelo astrônomo Nicolau Copérnico, Kant assinala que não é a própria realidade que determina o conhecimento que temos sobre ela, mas que é a razão. É o sujeito quem, de forma a priori, determina esse conhecimento. O estudo das condições a priori do conhecimento é denominado por Kant de filosofia transcendental. (Temática Barsa)
A revolução copernicana, que Kant proporciona na filosofia, baseia-se na hipótese de que o conhecimento não é extraído da coisa em si, mas do fenômeno. Para Kant, não temos condições de penetrar nas coisas em si, muito embora podemos discuti-las. O que sabemos é proveniente da observação, das sensações. Em outras palavras, o conhecimento é fruto de nossa sensibilidade. É a sensibilidade que nos dá o ensejo de conhecer. Um modelo teórico existe e podemos nele pensar, mas, daí inferir uma verdade categórica, vai grande distância. Pretende, com isso, combater o dogmatismo e o ceticismo.
7. SAPERE AUDE
Em 5 de dezembro de 1783, é publicado o artigo de Kant intitulado: Resposta à Pergunta: Que é Esclarecimento? “Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento”.
O sapere aude kantiano não é nenhuma novidade. Sócrates, na antiguidade, já nos instruía sobre o “conhece-te a ti mesmo”. De qualquer forma, a sua lembrança faz-nos refletir sobre a essência do conhecimento, que deve ser construído por cada ser humano, segundo os seus próprios interesses e necessidades. Daí, andar nos trilhos traçados por outrem é trabalho fácil, mas trilhar o próprio caminho é tarefa mais árdua, pois implica contrariar opiniões e preconceitos.
8. O NEOKANTISMO
O neokantismo é a tendência de superar o pensamento positivista do século XIX retornando à filosofia crítica de I. Kant. Miguel Reale aponta quatro momentos em que o Kantismo penetrou no Brasil: a) o Kantismo às vésperas de nossa Independência Política; b) Kant exerceu influência em São Paulo através do krausismo, ou seja, além da repercussão filosófica tinha também um cunho político; c) Tobias Barreto difundiu o conceito de Kantismo, na Escola de Recife; d) por último, em nosso século a influência do neokantismo ocorre, sobretudo, no campo da Filosofia do Direito, na teoria do conhecimento, na teoria da História e na redução da Filosofia à uma mera teoria da ciência. (Zilles, 1987)
9. KANT E O ESTADO
Kant, levando em conta a Revolução Francesa e as teorizações de Jean-Jacques Rousseau, afirma que a soberania pertence ao povo, o que é um princípio democrático. Acrescenta que há cidadãos independentes e cidadãos não-independentes (proprietários e não proprietários). Somente os proprietários têm direito a escolher e participar do Estado. Após ter afirmado que a soberania pertence ao povo, ele, em seguida nega-a, pois restringe somente aos proprietários.
10. CRÍTICA DA RAZÃO PURA
"Na Crítica da razão pura (1781) ele empreende uma síntese do racionalismo de Leibniz - segundo o qual o conhecimento deriva de deduções baseadas em ideias existentes - e do empirismo de Hume, segundo o qual o conhecimento deriva apenas da observação. Kant conclui que dependemos da estrutura do nosso cérebro para conhecermos o mundo, e a razão pura é algo que pode ser conhecido antes (a priori) da experiência. Em outras palavras, o cérebro não é uma tela em branco que aguarda de forma passiva os objetos virem ao seu encontro; em vez disso, ele desempenha um papel ativo na aquisição de conhecimento ao processar as informações apreendidas. O que percebemos nos objetos é, antes, o resultado de nossa constituição como observadores, não tendo relação com os objetos em si". (Levene, 2013)
11. FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES
Em Fundamentação da metafísica dos costumes (1785), ele aprimora a sua lei moral suprema, o famoso imperativo categórico: "Aja somente de acordo com um princípio que desejaria que fosse ao mesmo tempo uma lei universal." Basicamente, se você quer fazer a coisa certa, adote um comportamento que o deixaria feliz se fosse aplicado como princípio universal e que permita que você trate os outros como fins em si mesmos e não apenas como meios para atingir seus objetivos. (Levene, 2013)
12. CRÍTICA DA RAZÃO PRÁTICA E CRÍTICA DE JUÍZO
A Crítica da razão prática (1788) também trata da ética e da busca por leis morais, ao passo que a Crítica do juízo (1790) abarca juízos estéticos, chegando também à teologia: a partir da arte, por meio do artista que expressa as belezas da natureza, até o criador dessa bela natureza. Assim como em suas opiniões sobre o entendimento e a ética, Kant estava buscando estabelecer um princípio estético a priori para explicar nossa compreensão da beleza. (Levene, 2013)
13. CONCLUSÃO
A filosofia de Kant, descrita por ele próprio como idealismo "transcendental" ou "crítico", tentava conciliar a autoridade da ciência - levando em conta a revolução nas ciências naturais provocada por homens como Copérnico - com a experiência do dia a dia dos indivíduos em um mundo abarrotado de preocupações morais, estéticas, culturais e religiosas.
14. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
TEMÁTICA BARSA (Filosofia). Rio de Janeiro, Barsa Planeta, 2005.
ZILLES, U. Grandes Tendências na Filosofia do Século XX e sua Influência no Brasil. Caxias do Sul, EDUCS, 1987.
São Paulo, maio de 2013.
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