Sumário: 1. Introdução. 2. Conceito de Ideia. 3. Conceito de Pensamento. 4. Origem das Ideias. 5. Construção do Conhecimento. 6. O Filósofo e as Ideias. 7. A Ideia para os Racionalistas e os Empiristas. 8) A Influência da Psicologia na Concepção das Ideias. 9. O Ato de Pensar. 10. O Significado de Pensar Segundo Alguns Filósofos. 11. Pensamento Ilógico. 12. Formas do Pensamento Ilógico. 13. A Luta dos Cientistas. 14. As Contribuições de Copérnico e Galileu. 15. Paz e Espada. 16. Toda Grande Ideia Renovadora Recebe o Batismo da Perseguição. 17. Relação entre Imaginação e Associação de Ideias. 18. A Força das Ideias. 19. Conclusão. 20. Bibliografia Consultada.
1. Introdução
Aristóteles, em a Retórica (L. II, c. 16), diz que certa vez a esposa de Hieron, rei de Siracusa, perguntou ao poeta Simônides o que valia mais: ser rico, ou ser sábio? "Rico", respondeu o poeta; "pois vejo os sábios estarem sempre batendo à porta dos ricos".
Mais tarde, relataram a um filósofo a resposta dada por Simônides à esposa de Hieron, e ele acrescentou: "Bem, é verdade que os sábios em geral batem à porta dos ricos, e que os ricos não batem à porta dos sábios; mas, isto é porque os sábios sabem o de que precisam, e se os ricos não procuram os sábios é porque não conhecem quais são as suas necessidades” (atribuído a Antístenes). (Mendonça, 1988, p.9)
2. Conceito de Ideia
Ideia. Do grego eidos, imagem. O termo ideia é normalmente empregado como sinônimo de concepção, noção ou representação (a ideia de paz, de religião). No plural, refere-se ao conjunto de pensamentos ou opiniões relativas a um determinado domínio (as ideias morais de Rousseau).
3. Conceito de Pensamento
Pensamento. No sentido amplo, pensamento é toda a atividade psíquica; num sentido mais estreito, só o conjunto de todos os fenômenos cognitivos; mais estritamente ainda, pensamento é sinônimo de "intelecto”.
4. Origem das Ideias
As ideias estão disseminadas no tempo e no espaço. O trabalho do filósofo é transformar essas coisas ou ideias em objeto de conhecimento. Enquanto coisas, o conhecimento está disperso, confuso e vago. Para que ele se torne objeto de conhecimento, há necessidade de apreendê-lo.
5. Construção do Conhecimento
A construção do conhecimento assemelha-se à obtenção de informação, que deve passar por uma destilaria. Inicialmente, os dados são brutos. Temos que condensá-los, filtrá-los, purificá-los, organizá-los e analisá-los. Só depois desse exercício, a informação se torna conhecimento.
6. O Filósofo e as Ideias
Enquanto o trabalhador braçal transforma os recursos naturais em produtos de utilidade para o lar e a sociedade, o trabalhador intelectual transforma as ideias, que são a sua matéria-prima. O produto final do filósofo é um melhoramento de sua compreensão do mundo, das pessoas e das coisas que o rodeiam. As ideias básicas são: Deus, Espírito, Mundo, Livre-Arbítrio, etc.
7. A Ideia para os Racionalistas e os Empiristas
Os racionalistas sustentavam que as ideias do homem eram inatas, sendo que a experiência servia apenas para despertá-las na consciência; os empiristas afirmavam que o espírito não tem ideias próprias, e por isso contemplava o mundo através das janelas dos sentidos.
8) A influência da psicologia na concepção das ideias
Muitos pensadores modernos, sob a influência da Psicologia, passaram da teoria do conhecimento para o estudo do próprio pensamento. William James afirma ser o pensamento um instrumento e não ser melhor que o seu serviço que presta numa situação. Para John Dewey, o homem não pensa, a menos que tenha um problema para resolver. Simples fantasias passageiras, devaneios e coisas semelhantes não representam pensamento, no sentido verdadeiro do termo.
9. O Ato de Pensar
O ato de pensar, como ato, é sempre novo, ou seja, é a atualização temporal e espacial do conceito. Exemplo: o círculo, como conceito, é sempre o mesmo. Ao pensarmos uma, duas, três... ene vezes sobre essa figura, cada uma delas será, para nós, sempre nova. Este é o sentido da evolução criadora de Bergson. Para ele, todo o momento é criativo, porque nunca o vivenciamos anteriormente.
10. O Significado de Pensar Segundo Alguns Filósofos
Para Heráclito, todos têm o logos, mas só os despertos o sabem. Para Parmênides, somente a razão vê o real. Para Sócrates, o fundamental é saber que não se sabe. A presunção do saber é o maior empecilho para a descoberta da verdade. Para Platão, o conhecimento é fruto da recordação. Para Cusa, o conhecimento assenta-se na douta ignorância. Para Descartes, deve-se usar o método para raciocinar corretamente. O pensamento científico deve se estruturar de forma diferente da do pensamento cotidiano. Para Locke, a mente não inventa ideias. Para Kant, em toda a sensação existe um a priori. Para Hegel, tudo aquilo que dizemos finito não existe. O finito deve ser estudado como parte de um todo. (Nicola, 2005)
11. Pensamento Ilógico
Atitudes e pontos de vista que devem ser evitados, pois podem inibir o nosso raciocínio lógico: ceticismo, agnosticismo evasivo, cinismo e otimismo ingênuo, mentalidade estreita, emoção e julgamento, raciocinar com a razão, argumentar não é disputar e os limites da sinceridade. (Mclnerny, 2009)
12. Formas do Pensamento Ilógico
Os vários padrões do mau raciocínio são chamados de "falácias", que podem ser formais ou informais: negar o antecedente, afirmar o consequente, falsas suposições, falácia do homem de palha, usar e abusar da tradição, falácia democrática, abusos da autoridade, reducionismo, sorrir como tática diversiva, chorar como tática diversiva, o falso dilema, evitar conclusões e raciocínio simplista. (Mclnerny, 2009)
13. A Luta dos Cientistas
Observe a vida dos grandes cientistas: em vida foram vilipendiados, mas depois de mortos são alçados a gênio, pois aquilo que defendiam acaba sendo provado como verdadeiro. Exemplo: William Harvey (1578-1657), formado em medicina, foi ridicularizado porque comparou o fluxo de sangue no corpo humano ao fluxo da água proveniente de uma bomba d’água. Quatro anos após a sua morte, Marcelo Malpighi (1628-1694) detectou os mínimos vãos capilares que conectam as artérias às veias.
14. As Contribuições de Copérnico e Galileu
Antes de Copérnico, a teoria vigente era a geocêntrica (Terra como centro do Universo). Copérnico coloca o Sol no centro do sistema (heliocêntrica), porque facilitava os cálculos. Na época, o governo e os religiosos não incentivavam pensamentos originais por medo de que novas ideias pudessem causar instabilidade. Copérnico hesitou por 13 anos antes de tomar o perigoso passo de enviar sua obra De Revolutionibus Orbium Coelestium (A Revolução dos Corpos Celestes) para o prelo.
Em 1609, Galileu soube da descoberta do telescópio. Imaginou como era feito e construiu um aparelho que podia aumentar a imagem em 32 vezes. Seu instrumento revelou montanhas e crateras na Lua e manchas no Sol. Seus estudos levaram a aceitar a teoria de Copérnico. Durante 15 anos evitou o assunto em público, mas em 1632 publicou Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo - Ptolomaico e Coperniciano, com argumentos fortes a favor do sistema heliocêntrico. (Tinner, 2004)
15. Paz e Espada
O ensinamento da paz e da espada, como tantos outros ensinamentos trazidos por Jesus, possui conteúdo alegórico: toda a ideia nova gera oposição. O "novo", quando fundamentado na lógica e na razão, fere interesses pessoais. Isso acontece na Ciência, na Filosofia e, também, na Religião. Por isso a importância da nova ideia é proporcional à resistência encontrada. Pois, se julgada sem consequência, deixá-la-iam passar, mas, como se sentem ameaçados, fazem de tudo para dificultar a sua propagação.
16. Toda grande ideia renovadora recebe o batismo da perseguição
Allan Kardec, na página 134 da Revista Espírita de 1868, diz que todas as ideias renovadoras, quer na ciência quer na moral, recebem o batismo da perseguição, porque elas ferem os interesses do preconceito, do status quo, do modus operandi. Mas a perseguição detém o seu curso? Não acontece o contrário, ou seja, essas ideias acabam crescendo. Os perseguidores trabalham contra si próprios, porque fazem crescer o que queriam estancar. Daí o anexim: "Ninguém atira pedra em árvore que não tem fruto".
17. Relação entre imaginação e associação de ideias
O Espírito André Luiz explica-nos a associação de ideias da seguinte forma: "Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, ideia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la, mantendo-nos, assim, espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir". (Xavier, 1977, p. 48)
18. A força das ideias
Quem poderia imaginar que um simples carpinteiro (Jesus Cristo) pudesse influenciar o mundo todo de um modo tão avassalador? E o filósofo, ridicularizado pelo povo, ao meio de seus pensamentos inofensivos, não pode ser uma potência terrífica? Quantas noções que professamos naturalmente, não são produtos de seus pensamentos? Observe o lema da bandeira brasileira: “Ordem e Progresso”. Poucos sabem que ela é proveniente da filosofia positivista de Auguste Comte.
19. Conclusão
As ideias, boas ou más, tem grande força de penetração nas mentes dos outros. O ideal é que saiam de nossa boca somente palavras sãs, construtivas e promovam a libertação de nós mesmos e daqueles que convivem conosco.
20. Bibliografia Consultada
MENDONÇA, Eduardo Prado. O Mundo Precisa de Filosofia. 9.ed., Rio de Janeiro: Agir, 1988.
MCLNERNY, D. Q. Use a Lógica: Um Guia para o Pensamento Eficaz. Tradução de Fernanda Pantoja. 3. ed., Rio de Janeiro: BestSeller, 2009.
NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.
TINER, John Hudson. 100 Cientistas que Mudaram a História do Mundo. Tradução de Marise Chinetti de Barros. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
XAVIER, F. C. Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito André Luiz. 8. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
São Paulo, junho de 2016.
Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório
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