SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Dados Pessoais. 3. Obras Principais. 4. Considerações Iniciais. 5. As Razões do Inconsciente. 6. O Método Psicanalítico. 7. A Importância dos
Sonhos. 8. O Complexo de Édipo. 9. O Inconsciente na Consciência. 10. O Problema da Culpa. 11. Religião. 12.
Paz. 13. A Psicanálise depois de Freud. 14. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
Quem foi Freud? Em que época viveu? Que contribuição deu à filosofia? E à psicanálise? Quais são as suas principais obras? Como ficou a psicanálise depois de Freud?
2. DADOS PESSOAIS
Sigmund Freud (1856-1939). Criador da psicanálise, Freud nasceu em uma família judaica de Freilberg, na Morávia, então parte do Império Austro-Húngaro. Formou-se em medicina na Universidade de Viena (1881), onde seguiu alguns cursos de Brentano. Mais tarde tornou-se professor da universidade, passando também a manter um consultório em Viena. Começou a desenvolver sua teoria psicanalítica no início do século, alcançando grande fama e notoriedade. Em 1910, foi fundada a Associação Internacional de Psicanálise, sendo Freud seu primeiro presidente. Em 1938, com a anexação da Áustria pela Alemanha, exilou-se na Inglaterra, onde veio a falecer no ano seguinte.
3. OBRAS PRINCIPAIS
A Interpretação dos Sonhos (1900), Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901), O Chiste e sua Relação com o Inconsciente (1905), Cinco Lições sobre a Psicanálise (1909), Totem e Tabu (1912), O Futuro de uma Ilusão (1927), Mal-Estar na Civilização (1930).
4. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A psicanálise freudiana é uma teoria que se fundamenta em teses diferentes das usadas pela psicologia experimental. Ela tem uma relação íntima com as correntes irracionalistas do século XIX, principalmente as de Schopenhauer e Nietzsche. Na concepção de Freud, que vai além da simples visão médica, a doença é a manifestação de “conflitos” localizados no psiquismo de todo homem. Não quer apenas curar, mas investigar o que é o homem enquanto tal, ou seja, o ser humano supostamente são.
A ideia diretriz do pensamento de Sigmund Freud é que há algo de verdadeiramente profundo na atitude natural das pessoas a respeito de si mesmas e de seus atos. Para Freud, não há nada sem uma razão de ser: um gesto, uma palavra, uma recordação, um esquecimento. Todos esses fatos têm íntima relação com o inconsciente. Por isso, deteve os seus estudos nos sintomas neuróticos, nos atos falhos, nos sonhos e nos demais assuntos correlatos.
5. AS RAZÕES DO INCONSCIENTE
A suposição do inconsciente, processos que influenciam a conduta e não são controlados pela consciência, já existia antes de Freud. Em Schopenhauer, o conceito de vontade é formulado como uma força do inconsciente, cega e irracional, que está presente em todas as manifestações da vida; em Nietzsche, a vida tem uma caracterização irracional que foi desnaturalizada pelas tendências racionalizadoras do pensamento. A tese, porém, de que esses processos inconscientes configuram um substrato que regula a vida psíquica de forma determinante é especificamente freudiana e constitui o núcleo central da sua teoria. (1)
O inconsciente freudiano difere do inconsciente filosófico. Para a filosofia, a representação inconsciente seria uma representação que não representa, ou seja, que não torna algo presente para um sujeito como um aspecto da sua experiência daquilo que ele vive ou sente. Para Freud, esses processos psíquicos (desejos, ideias, intenções), mesmos ausentes da consciência, acabam, ainda assim, influenciando-a. Os filósofos não podiam compreender a sua teoria do inconsciente psíquico porque, para eles, o termo consciência é sinônimo de psíquico.
A tese do inconsciente freudiano é a tese de que a pessoa vai passando por experiências. Essas experiências, uma vez registradas em nosso cérebro, nunca mais se perdem, pois elas ficam guardadas no inconsciente do sujeito. E, sempre que for solicitada, pode vir à tona por meio de uma lembrança. Por isso, procurou criar vários métodos de auto-análise, no sentido de extrair do indivíduo aqueles dados que estavam perdidos. Uma vez recuperados, poderiam servir de subsídios para a cura das diversas patologias da alma humana. (2)
6. O MÉTODO PSICANALÍTICO
A psicanálise é o método da “psicologia profunda”. Parte do principio de que o objeto que investiga é um ser dotado de consciência, auto-reflexão, e que, portanto, é preciso elaborar instrumentos próprios de análise. Dentre eles, o mais famoso é o método da livre associação, pelo qual conseguiu obter a cura de muitas doenças mentais. Neste método, os seus pacientes falavam "qualquer coisa que lhes viesse à cabeça". Freud buscava então desvendar os sentimentos reprimidos nessas manifestações. (1)
7. IMPORTÂNCIA DOS SONHOS
Os sonhos tiveram grande peso nas formulações teóricas de Freud acerca do inconsciente: eles representavam a realização de um desejo. Numa de suas Conferências de Introdução à Psicanálise, afirmou: "Eu lhes digo, com efeito, que é muito possível – mais do que isso, muito provável – que a pessoa sonha, apesar de tudo, saiba o que seu sonho significa, só que não sabe que sabe e, por isso, crê que não sabe". Há, portanto, a necessidade de criar um método – o método psicanalítico - para o acesso a essas informações. A seguir, utilizou exaustivamente as técnicas hipnóticas e a "regra da associação livre". (2)
Para Freud, o sonho é substancialmente a satisfação do desejo, quase sempre de origem sexual. Esta simplificação popular da psicanálise não é exclusiva em Freud, pois os sonhos podem nascer, também, de necessidades insatisfeitas. Se um indivíduo adormece com o estômago vazio, pode perfeitamente experimentar sonhos ligados ao alimento. (3)
8. O COMPLEXO DE ÉDIPO
Freud deu nova orientação à interpretação do mito e às explicações sobre a sua origem e função. O complexo de Édipo é um exemplo clássico: para Freud, o mito do rei que mata o pai e casa com a própria mãe simboliza e manifesta a atração de caráter sexual que o filho, na primeira infância, sente pela mãe e o desejo de suplantar o pai. Através da sua teoria do complexo de Édipo, sintetiza a sexualidade pervertida da criança: inconscientemente, o garoto sente atração sexual pela mãe; a garota, pelo pai.
9. O INCONSCIENTE NA CONSCIÊNCIA
A admissão de um inconsciente que penetra constantemente na consciência pode ser correta ou falsa. Para Freud, o inconsciente pode tornar-se consciente, desde que não haja recalques. Quando um estado de coisas não se pode tornar consciente, quando pois permanecem inacessível à consciência, então não existe qualquer possibilidade de examinar a sua influência na consciência. No fundo temos de escolher, ou seja, aderir ou não à questão da existência do inconsciente.
10. O PROBLEMA DA CULPA
De acordo com Campbell, Freud nos ensinou a culpar os nossos pais e Marx a classe dominante. Acrescenta que "Na verdade, a única pessoa que você realmente pode considerar responsável é você mesmo". Em vista disso, não deveríamos culpar nem o acaso e nem o próximo pelas nossas derrocadas. O correto é lidar com a vida que surge: se algo nos acontece é porque deveria realmente nos acontecer. Com isso, tomamos participação ativa na vida e em tudo que nos rodeia.
11. RELIGIÃO
Depois de a revolução científica criar condições para a morte de Deus, as ideias religiosas entram em contato com as teorias psicanalíticas de Freud, que definiu a religião como uma neurose obsessiva da coletividade humana, cuja origem está nos "tabus", nas proibições. Ele diz: "seria muito agradável que Deus existisse, e que houvesse criado o mundo, e que sua providência fosse benevolente. Seria excelente que existisse uma ordem moral no universo, e que existisse uma vida futura; mas é muito surpreendente que tudo isso coincida com o que todos nos somos obrigados a desejar que exista".
12. PAZ
Para Freud, a agressividade deve ser inclusa entre os dons instintivos do homem – e, portanto, não elimináveis. “O desenvolvimento da civilização certamente impôs um autocontrole cada vez maior, fazendo com que o indivíduo moderno consiga vigiar sua própria conduta de modo muito mais rígido do que no passado. Tudo isso, porém, não é fruto de um crescimento geral, de uma mutação do homem em sentido pacifista, mas de pura e simples auto-repressão interior”. (3)
13. A PSICANÁLISE DEPOIS DE FREUD
Depois de Freud, a psicanálise se desenvolveu em diversas direções e sentidos. Herbert Marcuse (1898-1979) faz uma interpretação marxista da psicanálise em Eros e civilização (1953); Erich Fromm (1900-1980), Karen Horney (1885-1952) e outros enfatizam a função adaptadora do ego na sociedade; Jacques Lacan (1901-1981) retomou o pensamento genuíno de Freud, renovando-o por meio de uma aplicação das categorias do estruturalismo linguístico. (1)
14. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
(1) Tematica Barsa – Filosofia
(2) SIMANKE, Richard Theisen. Freud ou as Razões do Inconsciente. In: FIGUEIREDO, Vinicius (org.). Filósofos na Sala de Aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, vol. 2.
(3) NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005
São Paulo, julho de 2013.
Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório
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