Estoicismo

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Considerações Iniciais. 3. A Divisão da Filosofia Estoica: 3.1. Lógica; 3.2. Ética; 3.3. Física. 4. Estoicismo Grego: 4.1. Zenão de Cítio; 4.2. Cleantes; 4.3. Aríston. 5. Estoicismo Romano: 5.1. Sêneca; 5.2. Epicteto; 5.3. Marco Aurélio. 6. Conclusão. 7. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O que se entende por estoicismo? Quais são os seus representantes? Em que se fundamenta essa filosofia? Quando surgiu? Há rastros dela ainda hoje? Há diferença entre o estoicismo grego e o romano?

2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O estoicismo surgiu na Grécia Antiga, por volta de 300 a.C.

Zenão de Cítio é o seu fundador.

Há três momentos históricos: o período mais antigo, o médio e o romano.

Os filósofos modernos não lhe deram muito crédito, mas os homens práticos, sim.

A indiferença é a trave-mestra dessa filosofia.

3. A DIVISÃO DA FILOSOFIA ESTOICA

Os estoicos dividiram a filosofia, entendida como “o conhecimento das coisas divinas e humanas”, em três departamentos: lógica, ética e física.

3.1. LÓGICA

Para os estoicos, a lógica incluía a retórica, a poética e a gramática, bem como a dialética ou lógica propriamente dita.

Considerando a lógica como um todo, temos a retórica e dialética, duas espécies de virtude lógica. Percebe-se que a retórica foi definida como sendo “a ciência de como falar bem nos discursos expositivos”, e a dialética como sendo “a ciência de como argumentar acertadamente em matérias envolvendo questões e respostas”. A retórica e a dialética eram assim as duas espécies de virtude logica. Segundo Zenão, a diferença entre retórica e dialética pode ser assim expressa: retórica é a palma da mão; dialética, o punho.

3.2. ÉTICA

Para os estoicos, havia oito partes da alma: os cinco sentidos, o órgão do som, o intelecto e o princípio reprodutivo. Nota-se a ausência das paixões, que era o intelecto em estado doentio, devido às perversões da falsidade.

O intelecto, livre das paixões, é o “princípio condutor”. É a parte da alma que recebe as “fantasias”, onde eram gerados os impulsos. O impulso gera uma ação. Sua forma negativa é a repulsão. No caso da paixão, era um impulso negativo.

3.3. FÍSICA

De acordo com os estoicos, havia dois princípios primordiais de todas as coisas: o ativo e o passivo. O ativo é o Logos, Deus; o negativo, a Matéria. Somente o princípio ativo era a causa; o princípio passivo é inerte, mas pronto para assumir qualquer forma. Assim, a matéria era definida como “aquilo a partir do que qualquer coisa é produzida”.

Por que Deus era concebido como um corpo? Porque Deus é espirito. Espírito em seu sentido original significava ar em movimento.

4. ESTOICISMO GREGO

4.1. ZENÃO DE CÍTIO

Zenão, o profeta, (334 a.C.-262 a.C.) é considerado o fundador do estoicismo, que surge a partir de uma tragédia, ou seja, o naufrágio de uma embarcação de pigmento. Sem recursos financeiros, antes de reclamar da vida, aceita o incidente como uma oportunidade para começar uma nova vida. Para tanto, em seus momentos de folga, dedica-se a estudar a filosofia de Sócrates.

4.2. CLEANTES

Cleantes, o apóstolo (330 a.C.-230 a.C.), originário de Assos, Mísia. Não houve tragédia em sua vida. Chegou a Atenas falido. Para se sustentar, aceitou ofícios aleatórios, inclusive o de carregador de água para os muitos jardins da cidade que precisavam ser regados a mão.

Para Cleantes, o trabalho manual e a filosofia não eram rivais. Eram dois lados da mesma moeda, esforços que favoreciam e possibilitavam um ao outro. Assim, amava igualmente o trabalho e a filosofia. Usava-se o termo philoponia — amor ao trabalho. Literalmente, uma dedicação intensa ao trabalho honesto. Não apenas pelo dinheiro, claro, mas também pelo autoaperfeiçoamento.

4.3. ARÍSTON

Aríston, o desafiador (306 a. C.- 240 a. C.), originário de Assos, Quios. Foi o controverso discípulo rebelde que por pouco não mudou por completo o rumo da filosofia estoica. Aríston, o careca, de Quios, filho de Milcíades, foi apelidado de “sereia” pelo poder persuasivo de seu discurso, que encantava audiências e supostamente as desencaminhava. Uma alcunha mais apropriada seria Aríston, o desafiador, pois ele estava sempre questionando, minando e contestando vários pontos da doutrina do estoicismo antigo, incluindo as suas regras práticas para o cotidiano.

Para Aríston, as regras impostas nada mais eram do que muletas que impeliam as pessoas a seguir um roteiro para as dificuldades da vida. Aríston queria que as pessoas focassem no que realmente importava, em princípios claros, coisas que podem ser internalizadas pelos sábios por meio de treinamento. Ele queria os Dez Mandamentos, e não livros sobre que ordem os sacramentos deveriam seguir. Ele queria oferecer aos alunos uma estrela-guia — virtude — e acreditava que cada limitação e explicação extras levariam a uma confusão.

Resumindo, esqueça os preceitos. Não fique refletindo sobre regras. Apenas faça.

5. ESTOICISMO ROMANO

5.1. SÊNECA

Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.) nasceu em Córdoba, Espanha. Levado muito jovem para Roma, teve mestres estoicos, que lhe abriram a mente para a reflexão filosófica e um modo austero de viver. Fez carreira como advogado e político. Para ele, a filosofia só tem valor se for mais prática do que teórica.

Era um escritor assistemático e eclético. Muitas vezes contraditório, aproveitava tudo o que achava verdadeiro de outras doutrinas. Seguindo a linha da tradição cínico-estoica, pensava que a filosofia só tem significado como studium virtutis, ou seja, dá ênfase ao ponto de vista prático. Suplanta o materialismo estoico: "o corpo é cárcere da alma; a alma é o verdadeiro homem que tende a libertar-se do corpo". Acredita que a consciência é uma espécie de conhecimento claro, originário, impossível de eliminar, do bem e do mal.

5.2. EPICTETO

Epiteto (55-135) não nos deixou escritos filosóficos. Os pontos principais de sua doutrina foram preservados graças ao historiador Flávio Arriano, um de seus alunos. Arriano transcreveu em grego um número considerável de palestras de seu mestre. Essas palestras, conhecidas como os Discursos (ou Diatribes) foram originalmente reunidas em oito livros, dos quais apenas quatro subsistiram até nossos dias. O Manual de Epiteto (ou Enchiridion) é um conjunto de trechos selecionados dos Discursos que forma um resumo conciso da essência dos ensinamentos de Epicteto.

5.3. MARCO AURÉLIO

Marco Aurélio (121-180), imperador romano de 161 até a sua morte, não se caracterizou por uma originalidade filosófica, mas pelos seus aforismos, expostos nos doze livros das suas Meditações, embasados nos princípios do estoicismo.

Para Marco Aurélio, a fonte do bem está na máxima: Olha dentro de ti: aí se encontra a fonte do bem, sempre capaz de jorrar, se souberes sempre cavar em ti mesmo. “A filosofia consiste na reflexão sobre a existência, na indagação interior, na meditação sobre a vida. O lugar onde se vive e o papel social não têm a menor importância”.

6. CONCLUSÃO

O estoicismo fundamenta-se na razão, no conhecimento da verdade, na virtude como norma essencial para o bem viver. A sua ataraxia tem como base a indiferença, ou seja, o desprezo com relação às paixões, à dor e à morte.

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

STOCK, George, ST. O Estoicismo. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2022.

HOLIDAY, Ryan e HANSELMAN, Stephen. A Vida dos Estoicos: A Arte de Viver, de Zenão a Marco Aurélio. Tradução de Alexandre Raposo e Luiz Felipe Fonseca. Intrínseca, 2021.

São Paulo, junho de 2022.

Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório
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