Eckhart, Johannes, dito Mestre

SUMÁRIO: 1. Dados Pessoais. 2. Obras. 3. Pensamento. 4. Heresia. 5. Atividade Marcante. 6. A Mística Germânica. 7. Sobre o Desprendimento. 8. Bibliografia Consultada.

1. DADOS PESSOAIS  

Eckhart, Johannes, dito Mestre (1260-1327). Teólogo e místico alemão (nascido em Hochheim), mais conhecido como Mestre Eckhart. Dominicano, prior do Convento de Erfurt (1294-1298), onde ingressara em 1275, bacharel sentenciário em Paris (1293-1294), recebeu o título de magister sacrae theologiae em Colonia (1302). Foi provincial da Saxônia, vigário-geral da Boêmia e, a partir de 1314, provincial da Alta Alemanha. Chamado duas vezes, o que era uma rara exceção, para ensinar na prestigiosa Universidade de Paris, em 1301-1302, depois no início dos anos de 1310. 

2. OBRAS  

Eckhart é considerado um dos iniciadores da filosofia em língua alemã. Seus Tratados e Sermões o situam na origem da mística ocidental. Sua importância filosófica, porém, se deve a seu modo de demonstração. Hegel o considera o precursor de sua dialética. Escreveu ainda: Opus Tripartium e Quaestiones.  

3. PENSAMENTO

Seu pensamento levava ao panteísmo, pois é uma mescla de aristotelismo, agnosticismo, neoplatonismo e de concepções árabes. Tentando esclarecer o que Deus não é, chegou à conclusão de que Deus não existe, porque a existência é uma imperfeição para o Absoluto.  

4. HERESIA

Pouco depois de sua morte, promulga-se uma bula de condenação: eram declaradas heréticas dezessete proposições tiradas dos seus escritos e dos seus dizeres, onze outras “suspeitas de heresia”. Diziam: “Quis saber mais do que convinha”. Não o reconheceram como santo que era. Daí, o título de Mestre Eckhart.

5. ATIVIDADE MARCANTE

A pregação intensa e assídua às monjas dominicanas foi uma de suas atividades marcantes. Indo de mosteiro em mosteiro, Mestre Eckhart comentava, de forma simples, para elas os textos da liturgia cotidiana. Essas homilias foram recolhidas por suas ouvintes e levadas de casa em casa. Como não tinha controle sobre sua propagação, muitas delas foram deformadas, motivando a sua condenação. De qualquer forma, constituíram um corpus imponente de cerca de cento e cinquenta sermões, que circularam e perpetuaram uma influência difusa.

6. A MÍSTICA GERMÂNICA

Para Eckhart, Deus é um ser perfeito, o Uno, o elemento de conciliação de todos os opostos. O caminho de ascensão a Deus é um caminho via negativo, ou seja, a alma deve se desligar de imagens e de conceitos. “No nada que então advém irrompe a divindade, e o que era vazio, não-ser, inunda-se de uma luz e de um saber incomparáveis”. Mestre Eckhart ensinava que ter nada e tornar-se aberto e "vazio", e não colocar o eu no centro, é condição para conseguir riqueza e robustez espiritual.

7. SOBRE O DESPRENDIMENTO

Para o mestre Eckhart, o desprendimento é o perfeito repousar-em-si, o ser-uno-consigo-mesmo da alma, um deixar-se-a-si-mesmo sem nenhum tipo de acréscimo. Ele acha que o desprendimento está acima do amor, da humildade, da misericórdia e de outras virtudes, pois quando nos referimos a uma virtude, queremos conquistá-la. Acontece que o verdadeiro desprendimento não se prende a isso, porque o indivíduo estará desprendido do próprio desprendimento.

Seguindo o seu modo de pensar, tudo é secundário ao próprio desprendimento. Ele diz que o homem verdadeiramente desprendido não saberia orar, no sentido de que a prece visaria obter determinado bem ou livrar-se de determinado mal. “Quando nada se pede é que se ora verdadeiramente”. O mesmo pode-se falar da vontade de Deus, do servir a Cristo, entre outros. O que vale é um total desprendimento de si mesmo, para que a liberdade seja total.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ECKHART, Meister. Sobre o Desprendimento e outros Textos. Tradução de Alfred J. Keller. São Paulo: Martins Fontes, 2004 (Breves encontros).

São Paulo, agosto de 2013.

Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório
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