Sérgio Biagi Gregório
QUESTÕES de Ariana Pereira, repórter do jornal Diário da Região, de São José
do Rio Preto, interior de São Paulo, para a revista Bem-Estar e RESPOSTAS de
Sérgio Biagi Gregório Por que Jesus, um grande mestre espiritual, insistia tanto na
questão do amor ao próximo? Para entendermos a posição de Jesus, quanto ao amor ao
próximo, temos de nos reportar à Lei de Deus, ou seja, aos Dez Mandamentos,
recebidos mediunicamente por Moisés. De acordo com Allan Kardec, "esta lei é de
todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, um caráter divino".
Jesus não veio destruir esta lei, mas dar-lhe cumprimento, desenvolvê-la segundo
o grau de adiantamento da humanidade. Em realidade, Jesus resumiu o Decálogo num
único mandamento, que costumamos chamar de o 11.º Mandamento: "Amar a
Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo". Jesus também
acrescenta: "Está aí toda a lei e os profetas". Para Jesus, o próximo é o canal
que nos leva a Deus. Sem o próximo, todo o nosso esforço é em vão, porque
acabamos chafurdando no egoísmo, o principal cancro da humanidade. Ele também insistia na questão de amarmos aqueles que
consideramos inimigos. Qual a importância disso? Os inimigos são os nossos verdadeiros mestres. Eles não têm
pena de nós e apontam as nossas falhas com bastante frieza, coisa que os nossos
amigos não têm coragem de fazê-lo. Amar o inimigo consiste em perdoar-lhe o mal
que porventura esteja nos fazendo. O perdão ao inimigo, contudo, tem caráter
científico. Observe que acima de nós há uma lei, a Lei Natural, lei esta que
orienta todas as nossas ações, pois está escrita em nossa consciência. Quando o
nosso inimigo nos faz um mal, ele não nos feriu, mas feriu-se a si mesmo em
relação à Lei. Cabe à Lei puni-lo ou não. Quanto a nós, uma vez perdoado o seu
ato, ficamos livres e desembaraçados de todas as implicações mentais menos
felizes a respeito deste suposto inimigo. É possível amar o outro sem amar-se? A tradução correta da frase de Jesus não é bem esta: "Amar ao
próximo como a si mesmo", mas sim, "Primeiro ame a si mesmo, para depois amar ao
próximo". Há aqui uma grande diferença, pois não fazemos as coisas de modo
mecânico, em obediência à pregação evangélica, mas de forma consciente, no
sentido de sabermos o que estamos fazendo e o porquê de estarmos agindo desta e
não de outra maneira. Qual o papel do autoconhecimento para que haja amor próprio? Segundo Sócrates, filósofo da antiguidade clássica grega, o
autoconhecimento é a chave libertadora do ser humano. O "Conhece-te a ti mesmo"
é um apelo para que o ser humano possa fazer uma volta sobre si mesmo, no
sentido de tomar consciência de sua ignorância. É a partir dessa
autoconsciência que o ser humano deveria se postar no mundo, pois saberia o que
poderia fazer e dispensaria aquilo que não servisse para o seu projeto de vida.
Como amar-se sem perder-se no individualismo? O primeiro passo é tomarmos consciência de que o mundo em que
vivemos é individualista e consumista. Caso contrário, qualquer elaboração do
amar-se perde o seu sentido. Observe que a moral primitiva implicava a
regulamentação do comportamento de cada um de acordo com os interesses da
coletividade. O indivíduo era mero suporte, auxiliar na concretização dos
objetivos do grupo. Presentemente, o culto à individualização fê-lo mais
materialista e egoísta, pois busca a sua autonomia, a sua independência, nem que
para isso passe por cima dos outros. É nesse ponto que a mensagem do amor ao
próximo, proferida por Jesus, auxilia-nos a mudar o nosso comportamento, para
não nos perdermos no individualismo. Santa Terezinha dizia que uma alma repleta de amor não pode
ficar inativa. O amor impulsiona para o bem-estar do outro? O outro é a pessoa mais importante. Mesmo quando estamos
preparando uma peça oratória, para nós mesmos, estamos pensando em expressá-la
ao outro, ao público. Nesse sentido, cada pessoa tem a responsabilidade de ser
caminho para os outros. É, portanto, injusto excluir os outros do caminho.
Lembremo-nos de que esta responsabilidade não diz respeito somente ao ser
humano, mas também em relação ao meio ambiente. Hoje, são muitas as empresas que
se preocupam com o que produzem, com o tipo de lixo que estão descartando, com
as condições de trabalho de seus funcionários etc. Como o amor ao outro beneficia a quem se doa dessa forma? Em primeiro lugar, não deveríamos fazer o bem ao próximo para
recebermos uma recompensa, pois estaríamos sendo mercenários, do tipo é dando
que se recebe. O benefício, se assim quisermos chamar, é a felicidade de ver a
Doutrina do Cristo sendo divulgada e ampliada para atingir todos os seres
humanos do planeta. Ariana Pereira
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Publicado em em 31/05/2009 No
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Quando as pessoas agem como amigas verdadeiras de outros, desenvolvem uma
série de virtudes e conhecimentos que a vida de isolamento jamais permitiria,
segundo a facilitadora do Centro de Estudos Budistas Bodisatva em Rio Preto,
Maria Eugênia Bouguson. Para exemplificar a afirmação, ela usa a parábola do
Bom Samaritano: “após contar a parábola, Jesus pergunta ao fariseu quem foi o
próximo do homem que havia caído nas mãos de ladrões. A resposta foi aquele
que agiu com misericórdia para com o homem. Aproveitando a ideia e o tema,
podemos perguntar: quem amou aquele que caiu nas mãos dos ladrões?”
Livres
Decidir-se por amar o outro liberta o ser humano da solidão gerada pelo
egoísmo e orgulho, sentimentos que levam ao sofrimento. Portanto, aprender a
se amar e, consequentemente, amar os outros, é garantia de felicidade. Quando
uma pessoa não tem capacidade de superar o conceito materialista, refletindo
sobre si e concluindo que o ser humano está acima dos bens materiais que
possui, pode cair em depressão, se isolar e em alguns casos extremos, desejar
o fim de sua vida. A solução definitiva desse problema surgirá quando eleger
como valores o respeito, a amizade e o amor. Mas enquanto a maioria das
pessoas continuar permitindo que o egoísmo e o orgulho embotem seu raciocínio
e sua visão de mundo, aquele que porventura esteja sofrendo, de solidão ou
qualquer outro problema, precisa procurar os que já pensam diferente e que
compreendem os valores principais da vida”, aconselha o doutor em Física e
membro do Grupo de Estudos Avançados Espíritas, Alexandre Fontes da Fonseca.
Chegar, no entanto, à capacidade de amar o outro, seja ele amigo ou inimigo,
passa pelo processo interior. É preciso olhar primeiro para si, só assim a
pessoa será capaz de sair em busca do outro. Gregório explica que, de acordo
com Sócrates (filósofo da antiguidade clássica grega), o autoconhecimento é a
chave libertadora do ser humano. O “conhece-te a ti mesmo”, continua o
espiritualista, é um apelo para que se possa fazer uma volta sobre si mesmo,
no sentido de tomar consciência de sua ignorância. “É a partir dessa
autoconsciência que o ser humano deveria se postar no mundo, pois saberia o
que poderia fazer e dispensaria aquilo que não servisse para o seu projeto de
vida.” E, para que o amar-se não se transforme em apenas mais uma face do
individualismo, segundo Gregório, é preciso que a pessoa tenha consciência da
sociedade em que vive: individualista e consumista. Caso contrário, para o
espiritualista, qualquer elaboração do amar-se perde o sentido. O culto à
individualização fez o ser humano mais materialista e egoísta, pois busca a
sua autonomia, a sua independência, nem que para isso passe por cima dos
outros. “É nesse ponto que a mensagem do amor ao próximo, proferida por Jesus,
auxilia-nos a mudar o nosso comportamento, para não nos perdermos no
individualismo.”
A partir desse primeiro momento de autoconhecimento e aprendizagem de amar-se
com qualidades e defeitos próprios é possível amar não apenas aqueles com quem
simpatizamos ou fazem parte de um círculo de amigos. Quem realmente aprende a
amar, pode transcender e chegar a amar, inclusive, aqueles que podem ser
considerados inimigos. “Os inimigos são os nossos verdadeiros mestres. Eles
não têm pena de nós e apontam as nossas falhas com bastante frieza, coisa que
os nossos amigos não têm coragem de fazer. Amar o inimigo consiste em
perdoar-lhe o mal que porventura esteja nos fazendo. O perdão ao inimigo,
contudo, tem caráter científico. Observe que acima de nós há uma lei, a Lei
Natural, lei essa que orienta todas as nossas ações, pois está escrita em
nossa consciência. Quando o nosso inimigo nos faz um mal, ele não nos feriu,
mas feriu-se a si mesmo em relação à Lei. Cabe à Lei puni-lo ou não. Quanto a
nós, uma vez perdoado o seu ato, ficamos livres e desembaraçados de todas as
implicações mentais menos felizes a respeito deste suposto inimigo, afirma o
espiritualista Sérgio Biagi Gregório.
Colheita
A máxima “colher o que se planta” se encaixa perfeitamente à vida de quem se
decide por amar o outro, independente das situações em que se encontra. Maria
Eugênia acredita que são incontáveis os benefícios àqueles que se
disponibilizam a amar a si e ao próximo, principalmente, nos casos em que esse
amor se concretiza por meio de gestos como ajudas materiais ou espirituais. “É
sempre muito fácil nos colocarmos na posição de receber ajuda. Realmente, em
muitas ocasiões, estamos carentes disso. Mas quando nos colocamos na posição
de oferecer ajuda estamos colocando à disposição de outrem as nossas
capacidades. E o sublime desse ato de amor ocorre quando buscamos nos
aprimorar, naquilo que for necessário, para que nossa ajuda se torne mais
eficiente.”
Apesar disso, fazer o bem ao próximo não teria de ser um dever e, sim, algo
natural e espontâneo sem a expectativa de retorno em qualquer que seja o
âmbito. “Não deveríamos fazer o bem ao próximo para receber uma recompensa,
pois estaríamos sendo mercenários, do tipo é dando que se recebe. O benefício,
se assim quisermos chamar, é a felicidade de ver a Doutrina do Cristo sendo
divulgada e ampliada para atingir todos os seres humanos do planeta. O outro é
a pessoa mais importante. Mesmo quando estamos preparando uma peça oratória,
para nós mesmos, estamos pensando em expressá-la ao outro, ao público. Nesse
sentido, cada pessoa tem a responsabilidade de ser caminho para os outros. É,
portanto, injusto excluir os outros do caminho”, diz Gregório.
http://www.diarioweb.com.br/noticias/corpo_noticia.asp?IdCategoria=195&IdNoticia=122053
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