Curso de Aprofundamento Doutrinário
Parábolas - Perguntas e Respostas

Parábola

Parábola da Grande Ceia

Parábola do Bom Samaritano

Parábola do Filho Pródigo

Parábola do Grão de Mostarda

Parábola do joio e do trigo

Parábola do Rico e o Lázaro

Parábola do Semeador

Parábola dos Talentos

Estes e outros temas estão em: https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario

Parábola

Sérgio Biagi Gregório

1) O que é uma parábola?

Narração alegórica na qual o conjunto dos elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior. A alegoria, por sua vez, é um discurso que faz entender outro. Os tópicos relacionados são: fábula, apólogo e metáfora.

2) Há diferença entre alegoria e parábola?

A parábola refere-se à comparação. A alegoria a um discurso que faz entender outro. Como a historia simbólica não oferece apenas uma lição global, mas que todos os pormenores têm um sentido próprio, requerendo uma interpretação particular, a parábola então se torna alegoria. Exemplo: considera-se Deus e Israel como a figura do dono da vinha.

3) Como distinguir o "corpo" da "alma" da parábola?

Chama-se "corpo" da parábola a narrativa expressa, e "alma" a lição moral que a narrativa sugere ou o sentido místico que ela comporta.

4) Para que servem o enigma, o símbolo e o apocalipse carregados nas parábolas?

O enigma era para espicaçar a curiosidade, incitar à busca.

Os símbolos eram para apresentar as imagens tomadas da realidade terrestre para serem sinal das realidades reveladas por Deus, precisando, na maioria dos casos, de uma explicação que as aprofunde. Observe que o antropomorfismo do Velho Testamento são símbolos que contêm em germe verdadeiras parábolas. Esse procedimento se amplia no judaísmo tardio, até se tornar, nos rabinos, um verdadeiro método pedagógico. A pergunta é: a que isto é semelhante? Jesus segue a mesma linha de pensamento: a que vou comparar? Dizia: o Reino dos Céus é semelhante a...

Muito mais que enigmas, há também o sentido apocalíptico das parábolas. Estas são de difíceis explicações. Há necessidade de um "anjo-intérprete".

O esquema tripartido é o seguinte: símbolo – pedido de explicação – aplicação do símbolo à realidade. (Léon-Dufour, 1972)

5) Há diferença entre parábola e parábola evangélica? O que são parábolas evangélicas?

Parábola é uma forma de transmissão de conhecimento, muito utilizada na antiguidade. Baseava-se em histórias, cujo conteúdo revelava um ensinamento moral e ético. As parábolas evangélicas, por sua vez, dizem respeito às histórias contadas por Jesus.

As parábolas evangélicas podem ser definidas como cenas tiradas da vida ordinária destinadas a fazer compreender e fixar as verdades da vida espiritual. São histórias contadas por Jesus para ilustrar o seu ensinamento. Elas precisam de uma explicação mais profunda. Foi essa explicação inicial que Jesus começou e deixou para os seus seguidores darem continuidade mais tarde.

6) Que tipo de conhecimento as parábolas revelam?

As parábolas revestem-se de conhecimento exotérico e de conhecimento esotérico. O conhecimento exotérico refere-se à exposição que Jesus fazia publicamente, enquanto o conhecimento esotérico, refere-se às explicações que Jesus dava aos apóstolos, em particular. Observe que, mesmo entres esses, não disse tudo.

7) Como podem ser classificadas as parábolas do Evangelho?

Parábolas que se referem ao reino dos céus. (Semeador, Joio e o Trigo, Grão de Mostarda etc.)

Parábolas que enunciam as condições exigidas para entrar no reino dos céus. (Bom Samaritano è prática da caridade; Servo Impiedoso è perdão das Injúrias etc.)

Parábolas contadas nos últimos dias da vida de Cristo. (Minas è bom uso das graças divinas; Dois Filhos enviados à vinha è obediência etc.)

Página doutrinal è quase sempre é o reino dos céus.

8) Por que Jesus falava por parábolas?

Era a forma pedagógica, usada na época, para apresentação de um ensinamento. Foi para evitar as ciladas dos adversários e prevenir as interpretações errôneas do auditório que Jesus recorreu ao ensino por meio de parábolas, que se destinavam a despertar a curiosidade dos ouvintes e o desejo de ulterior explicação, que os discípulos e os bem intencionados pediam. (Kardec, 1984, cap. 24)

9) Dentre as parábolas contadas por Jesus, qual a parábola das parábolas? Por quê?

É a "Parábola do Semeador". Ela sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas. Ela representa as diferenças que existem na maneira de aproveitar os ensinamentos do Evangelho. Refletindo sobre os vários tipos de semente, expostos por Jesus, podemos nos avaliar e verificar como anda o nosso progresso espiritual.

10) O que se deve ter em mente ao interpretar as parábolas evangélicas?

Ensinamento progressivo. Embora os temas das parábolas dizem respeito aos fatos da vida cotidiana, eles necessitam de uma interpretação à luz dos ensinamentos de Deus (teocêntrico) e de Jesus (cristocêntrico). Quer dizer, há sempre uma maneira nova de ver a mesma citação, a mesma história, a mesma parábola. (Léon-Dufour, 1972)

Bibliografia Consultada

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

LÉON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.

Outubro/2007

Parábola da Grande Ceia

1) O que é uma parábola?

 Parábola é uma figura de linguagem. É uma narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras de ordem superior. Conta-se uma história qualquer. Deve-se, desta história, tirar um ensinamento moral.

2) Como está posta a parábola da grande ceia?

A parábola do festim das bodas, também conhecida como o grande banquete, mostra os reiterados convites do Senhor em relação ao Reino de Deus. Primeiramente os israelitas; depois os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos.

3) Quem foi chamado em primeiro lugar?

Os primeiros a serem chamados foram os israelitas, os mais indicados para aceitar a boa nova. Eles, contudo, recusaram o convite e se excluíram por si mesmos do reino de Deus. Em seu lugar o Senhor mandou chamar os mancos, os pobres, os pagãos, considerados heréticos pelo povo judeu.

4) O que representa a grande ceia?

O convite à grande ceia, ao banquete, à veste nupcial nada mais é do que pedir para que as pessoas aceitem o Evangelho. A veste nupcial é a imagem da pureza de coração, de sentimento, de pensamento e de ações.

5) Quais são as desculpas pela recusa?

1) Eu não posso, preciso ganhar dinheiro para sustentar a minha família;

2) Espere um pouco mais, ainda não estou preparado para o grande banquete;

3) Preciso cuidar dos interesses materiais;

4) Comprei um campo e preciso cuidar dele;

5) Peço que aceite as minhas desculpas.

6) Por que a separação dos bons e dos maus?

Falar sobre os bons e os maus é falar sobre a totalidade da vida. O Evangelho diz que os bons vão para o céu e os maus para o inferno. Haverá uma ruptura, uma seleção, em que uns não podendo permanecer no Planeta Terra deverão encarnar em outros mundos. É a lei do progresso.

7) Por que os “muitos” e os “poucos”?

Em hebraico, “muitos” significa multidão. Na época, os “muitos chamados” eram os israelitas que não ouviram a palavra. Os “muitos-poucos” indica mais uma relação qualitativa que numérica. São aqueles que, depois de ouvirem a palavra a colocam em prática.

8) Muitos os chamados e poucos os escolhidos. Comente. 

A lei de Deus resume-se nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão poucos se tornam dignos de entrar no reino dos céus! Eis por que disse Jesus: Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.

São Paulo, maio de 2010

 

Parábola do Bom Samaritano

Sérgio Biagi Gregório

"E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, o que é preciso que eu faça para possuir a vida eterna? Jesus lhes respondeu: Que está escrito na lei? Que ledes nela? Ele lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, de todas as vossas forças e de todo o vosso espírito, e vosso próximo como a vós mesmos. Jesus lhe disse: Respondeste muito bem; fazei isso e viverás.

Mas esse homem, querendo parecer que era justo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E Jesus tomando a palavra, lhe disse:

Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram-no de feridas e se foram, deixando-o semi-morto. Aconteceu, em seguida, que um sacerdote descia pelo mesmo caminho e tendo-o percebido passou do outro lado. Um levita, que veio também para o mesmo lugar, tendo-o considerado, passou ainda do outro lado. Mas um Samaritano que viajava, chegando ao lugar onde estava esse homem, e tendo-o visto, foi tocado de compaixão por ele. Aproximou-se, pois, dele, derramou óleo e vinho em sua feridas e as enfaixou; e tendo-o o colocado sobre sue cavalo, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas e as deus ao hospedeiro, dizendo: Tende bastante cuidado com este homem, e tudo o que despenderdes a mais, eu vos restituirei no meu regresso.

Qual desses três vos parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? O doutor lhe respondeu: Aquele que exerceu a misericórdia para com ele. Ide pois, lhe disse Jesus, e fazei o mesmo". (São Lucas, cap. 10, 25 a 37)

QUESTÕES

1) O que se entende por parábola?

Parábola é uma narração alegórica na qual o conjunto dos elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior.

2) Quem são os samaritanos?

Os Samaritanos são as pessoas naturais da Samaria. Desde a separação das dez tribos e a ereção do bezerro de ouro em Samaria, capital do reino de Israel, os samaritanos eram desprezados pelos judeus.

3) Por que os samaritanos eram considerados heréticos?

Porque admitiam somente o Pentateuco de Moisés. Aos olhos dos Judeus ortodoxos, eles eram heréticos, e, por isso mesmo, desprezados, anatematizados e perseguidos.

4) Além da parábola do Bom Samaritano, cite outras alusões de Jesus aos samaritanos?

Há o episódio do poço de Samaria. Vindo tirar água uma mulher (Fotina) da Samaria, disse-lhe Jesus: "Dá-me de beber". Respondeu-lhe, porém, esta samaritana: "Como! Vós que sois judeus, me pedis de beber, a mim que sou samaritana?"

Há o episódio dos dez leprosos curados. Somente um veio agradecer; este era samaritano.

5) O que se entende por doutor da lei?

Um doutor da lei era um especialista no estudo da ‘torah’ (porção da bíblia judaica conhecida como lei, equivalente aos cinco primeiros livros do AT).

6) Como Jesus responde à pergunta do doutor da lei: Mestre, o que é preciso que eu faça para possuir a vida eterna?

Jesus lhes respondeu: Que está escrito na lei? Que ledes nela? Ele lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, de todas as vossas forças e de todo o vosso espírito, e vosso próximo como a vós mesmos. Jesus lhe disse: Respondeste muito bem; fazei isso e viverás.

Comentário: Jesus respondeu à pergunta com outra pergunta. A resposta do doutor da lei mostra que ele conhece a lei, mas a conhece na letra, não na prática. E é isso que Jesus quer lhe mostrar, fazê-lo refletir sobre esse ponto. A Vulgata, para exprimir a palavra amar, serve-se do verbo dilligere que significa escolher, eleger, preferir. Quer dizer, o amor que temos a Deus é acompanhado de escolha, de eleição, de preferência.

7) E quem é o meu próximo?

Jesus explicita que, diante do homem caído, passara um sacerdote e um levita, sem lhe dar atenção. Em seguida, veio o samaritano, que o socorreu. Daí, a pergunta: quem foi o próximo?

Comentário: para ter amor ao próximo é preciso ver, sentir a contrição do seu semelhante e ter um sentimento de piedade pela miséria alheia.

8) Por que o conceito de caridade está expresso nesta parábola?

A caridade é a perfeição do amor. O samaritano cedeu o seu tempo, o seu dinheiro e a sua pessoa para ajudar o seu próximo, que nem sabia quem era.

9) Como Allan Kardec interpreta esta parábola?

No quadro desta parábola é preciso separar a figura da alegoria. A homens que estavam ainda na infância da espiritualidade, Jesus precisou utilizar-se de imagens materiais, surpreendentes e capazes de impressionar. Mas ao lado dessa parte acessória e figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade que espera o justo e da infelicidade reservada ao mau. Jesus não fala das convenções externas da religião; simplesmente quer exaltar a caridade, o único meio de salvação da alma. É por essa razão que Jesus coloca o Samaritano, considerado herético, acima do ortodoxo que falta com a caridade. (1)

(1) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39 ed., São Paulo: Ide, 1984 (capítulo XV, item 2 e 3, p. 198 a 201)

São Paulo, maio de 2009

Parábola do Filho Pródigo

(Lucas, 15, 11-32)

Sérgio Biagi Gregório

Texto: Disse ainda Jesus: Certo homem tinha dois filhos, e o mais moço disse a seu pai: — Dai-me a parte da herança que me cabe. E o pai repartiu entre ambos a sua fazenda.

1) Quem é o pai?

Resposta: O pai da família é Deus. Esta parábola procura mostrar os descasos do coração humano e o beneplácito do amor divino. O filho mais moço representa o ser humano sem experiência e, portanto, mais afoito pelas aventuras na vida.

Texto: Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante, onde dissipou a sua fortuna vivendo luxuriosamente.

2) Por que o lugar distante?

Resposta: O lugar longínquo representa a distância dos conselhos e das recriminações do pai. É o lugar do erro, da liberdade viciosa, do dinheiro, dos prazeres. De certa maneira, ficou carente da proteção espiritual do pai e, por isso mesmo, não pode evitar os males pelos quais passou.

Texto: Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam.

3) O que podemos entender por essa fome?

Resposta: A parábola é sempre interpretação. Nesse caso, podemos entender como a indigência do amparo divino. Afastando-se dos ensinos de Jesus e dos bons Espíritos, precipitou-se no vazio espiritual. Caiu nas garras do maligno.

Texto: Então, caindo em si, disse: Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados. Então se levantou, e foi ao encontro do pai.

4) Como interpretar o "caindo em si"?

Resposta: É preciso ponderar se o "caindo em si" não é demasiadamente tardio. Judas sonhou com o domínio político, mas quando caiu em si, Jesus já tinha sido entregue aos juízes. O "caindo em si" mostra a nossa percepção do erro, o arrependimento e a tomada de posição para a nova vida, como fizeram Maria de Madalena, Pedro, Paulo e outros. O Espírito Emmanuel, ao comentar essa passagem, diz: "Cai, contudo, em mesmo, sob a benção de Jesus e, transferindo-te, então, da inércia para o trabalho incessante pela tua redenção, observarás, surpreendido, como a vida é diferente".

5) E o levantar-me-ei e irei ter com meu pai...?

Resposta: É sair da obscuridade para a luz, da ociosidade para a ação no bem, do remorso, do arrependimento para a edificação em Jesus. Quantos de nós, chafurdados nos desvarios das paixões, não clamamos para os benfeitores nos ajudarem nessa posição, exigindo que atendam aos nossos desejos. Lembremos de que o aperfeiçoamento pede esforço, labuta, trabalho de regeneração interior.

Texto: Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. Então o filho disse: Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho.

6) Como explicar a compaixão do pai?

Resposta: O pai não esperou que o filho lhe explicasse toda a sua amargura. Teve compaixão do filho que voltou ao lar. O pai, de relance, percebeu toda a dor que o seu filho tinha passado. Para que aumentá-la com exigências ou explicações? Simplesmente recebeu-o nos braços.

Texto: Mas o pai disse aos empregados: Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés.

7) O que significam a túnica, o anel e as sandálias?

Resposta: A túnica representa a recompensa do perdão. O anel era um sinal de distinção. O calçado indicava um homem livre, porque os escravos andam descalços.

Texto: Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado. E começaram a festa.

8) Por que o novilho?

Resposta: Os judeus usavam de carne muito raramente. O banquete em que se servia um novilho gordo e dos melhores do rebanho, indicava bem a alegria que reinava na casa.

Texto: O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo. Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele.

Mas ele respondeu ao pai: Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo.

Então o pai lhe disse: Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado.

9) Como entender a censura do outro filho?

Resposta: Se um filho foi perdulário, o outro foi egoísta. Este procede como quem lastima o dever cumprido.

10) O que se depreende desta parábola?

Esta é uma das mais conhecidas e sugestivas parábolas evangélicas. Foi apresentada por Jesus, aos que o censuravam por dar bom acolhimento aos "pecadores". Jesus quer chamar a atenção do ser humano quanto ao perdão incondicional. Quer ensinar-nos que o Pai, misericordioso que é, está sempre disposto a nos dar uma nova oportunidade, mesmo que tenhamos caído nos maiores deslizes. Basta apenas nos arrependermos e fazermos os esforços necessários para nos redimirmos do erro.

Fonte de Consulta

XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, [s.d.p.], capítulo 13 e 88.

XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1986.

São Paulo, julho de 2009.

e-mail: sbgregorio@gmail.com

Parábola do Grão de Mostarda

1) Como está posta a parábola do grão de mostarda?

A parábola do grão de mostarda está assim expressa: “O Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou em seu campo. Na verdade, ele é a menor de todas as sementes, mas, depois de crescido, é maior que todos os legumes e torna-se uma árvore, de sorte que as aves do céu vêm habitar seus ramos”. (Mateus, 8, 31-32; Marcos, 4, 30-32; Lucas, 13, 18-19.)

2) Qual o significado de mostarda?

Conhecemo-la como condimento, molho, geralmente utilizado em refeições. Na Palestina, a sinapsis nigra atinge enormes proporções, chegando ter, mesmo no estado selvagem, mais de três metros de altura.

3) Qual a concepção dos rabinos acerca do grão de mostarda?

Entre os rabinos, um “grão de mostarda” era uma expressão para qualquer coisa pequena. Daí, a surpresa e o “maravilhamento” pelo fato de uma minúscula semente se tornar a maior das árvores.

4) Que tipo de ensinamento Jesus quer nos passar nesta parábola?

Jesus quis mostrar que este pequeno grão pode crescer e tornar-se a maior das árvores, abrigando os pássaros sob a sombra de seus ramos. Enquanto os rabinos se maravilhavam pelo fato de algo pequeno se tornar grande, Jesus a exemplificava com o crescimento da verdade: no começo, eram os 12 apóstolos; depois, a humanidade toda.

5) É possível relacionar princípio inteligente e o grão da mostarda?

O princípio inteligente (semente minúscula) foi lançado no mundo, primeiramente, no reino mineral. Depois, estagiou no reino vegetal e no reino animal. Como Espírito, vivenciou o reino hominal, com a possibilidade de ir para o reino angelical. Em cada um desses reinos, foram-lhe agregadas as virtudes necessárias para o prosseguimento de sua evolução moral e espiritual.  

6) Qual o mecanismo do crescimento da semente?

A semente, uma vez lançada ao solo, tende a crescer Cada semente, porém, cresce de acordo com a sua potência, com a sua característica própria: umas se desenvolvem rapidamente; outras, lentamente. O mesmo se pode falar do solo do espírito. Há necessidade de o ser humano aguardar o tempo de maturação para as verdades espirituais. Apressando, acaba absorvendo as fantasias e, assim, distanciando-se do verdadeiro caminho de sua evolução espiritual.

7) Como explicar, em termos da revelação, o crescimento do grão de mostarda?

Os Dez Mandamentos, recebidos mediunicamente por Moisés, no Monte Sinai, pode ser considerado o ponto de partida do crescimento do grão de mostarda (ensinamento evangélico). A semente era pequenina, sujeita aos contratempos e as intemperanças da época, ainda animalizada.

Jesus, ao resumir os Dez Mandamentos no “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, deu a sua contribuição para o crescimento da semente. Em termos práticos, Jesus reuniu, primeiramente, os doze apóstolos. É a minúscula semente. Depois, vieram os discípulos, que se incumbiram de divulgar a boa nova ao mundo.

O Espiritismo, cognominado de cristianismo redivivo, é o desenvolvimento dos ensinamentos de Cristo. Como Consolador Prometido, ele veio no tempo certo para recordar o que o Cristo disse e desenvolver aquilo que na época de Cristo ficara oculto, obscuro. O grão de mostarda, pelo princípio da reencarnação e da pluralidade dos mundos habitados, penetra em outros campos de interesse, propiciando-nos a certeza da imortalidade da alma. 

São Paulo, maio de 2010

 

Parábola do joio e do trigo

1) O que se entende por parábola? E joio?

As parábolas nada mais são do que ensinamentos paralelos a uma lição principal. É a apresentação de uma realidade concreta que evoca, por comparação, uma realidade superior, notadamente moral e espiritual.

O joio – do grego zizanion (cizânia) significava uma gramínea anual que parecia muito com trigo até que amadurecesse.

2) Como está posta esta parábola?

"Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas trigo, recolhei-o no meu celeiro." (Evangelho segundo São Mateus 13:24-30)

3) O que podemos dizer acerca do reino dos céus?

O "reino dos céus" é uma figura de linguagem usada por Jesus. Não se refere a um lugar circunscrito, mas ao estado de espírito daqueles que põe em prática as leis naturais impressas por Deus em nossa consciência, notadamente a lei de justiça, amor e caridade.

4) Como interpretar a semeadura do trigo?

É uma continuação da "parábola do semeador". Na parábola do semeador, há uma situação hipotética, em que a semente cai em terrenos de diversas qualidades. Aqui, há um tipo específico de semente, a do trigo. Com o trigo podemos fazer farinha, e da farinha, o pão, o macarrão etc. É um produto necessário à manutenção da vida humana. Devemos associá-lo ao bem.

5) Os trabalhadores dormiram por negligência?

Os trabalhadores do campo adubaram a terra, cavaram os buracos, jogaram as sementes de trigo e cuidaram de regar as plantinhas tenras. Depois desse esforço, foram dormir, descansar pelo dia trabalhado. Os inimigos, porém, esperaram a noite vir, trabalharam no escuro e jogaram a erva daninha. É um chamamento à vigilância. "É pelo descuido do lavrador que a colheita se perde, é pelo descuido do professor que o aluno se torna ocioso, é pelo descuido da educação que os delinqüentes juvenis surgem. Assim, para que o bem se conserve e se dilate haverá necessidade de esforço constante".

6) Devemos arrancar o joio ou deixá-lo crescer com o trigo?

Nesta parábola, o joio deve crescer junto com o trigo. Por quê? Porque estas ervas são parecidas. Caso tencionássemos tirar o joio, poderíamos, por engano, arrancar também o trigo. Neste caso, Jesus está nos dizendo que o mal deve conviver com o bem, sem, contudo, que o bem seja conivente com o mal. O mal deve ser sempre combatido. Há, porém, a necessidade de esperar o momento certo, pois qualquer coisa que é feita fora de hora pode não produzir os seus frutos.

7) A que nos remete esta parábola?

Esta parábola remete-nos à lei de causa e efeito. Todos somos livres para semear; a colheita, porém, é  obrigatória. Podemos semear tanto o trigo quanto o joio. É como a opção entre o bem e o mal. Se nossos atos optarem pela prática do bem, a recompensa futura será mais liberdade; caso optemos pelo mal, estaremos prisioneiro do mesmo.

8) A condição humana está mais para o trigo ou para o joio?

O mal é inerente à imperfeição humana. Na Terra, somos todos mais ou menos imperfeitos; por isso, a necessidade de compaixão de uns para com os outros. A convivência com o mal é a resignação da alma ante uma situação irremediável. O homem de bem deve combater o mal, mas sempre de acordo a mansuetude; a guerra e a violência podem produzir mais guerra e violência.

28/12/2009

 

Parábola do Semeador

Sérgio Biagi Gregório

1) O que é uma parábola?

Parábola é uma figura de linguagem que evoca paralelismo e comparação. Diz-se uma coisa para se entender outra. Conta-se uma história para se ter um desfecho de ordem moral. As parábolas contadas por Jesus mostravam a realidade terrestre, mas o seu objetivo era chamar a atenção para a realidade espiritual.

2) Como está expresso o texto bíblico?

O semeador lançou as sementes:

a) uma parte da semente caiu ao longo do caminho, e vindo os pássaros do céu a comeram;

b) outra caiu nos lugares pedregosos onde não havia muita terra; e logo nasceu porque a terra onde estava não tinha profundidade. Mas o Sol tendo se erguido em seguida, a queimou; e, como não tinha raízes, secou;

c) outra caiu nos espinheiros, e os espinhos, vindo a crescer, a sufocaram;

d) outra, enfim, caiu em boa terra, e deu frutos, alguns grãos rendendo cento por um, outros sessenta e outros trinta.

"Que ouça aquele que tem ouvidos para ouvir". (Mateus, cap. 13, 1 a 9)

3) Quem é o semeador?

Jesus é o divino semeador. Ele ausentou-se da grandeza que lhe acolhe e veio até nós para nos ensinar o caminho da evolução espiritual. O semeador saiu a semear, ou seja, saiu para transmitir as palavras de vida eterna, que são sementes, avisos, advertências quanto ao reino de Deus.

4) O que é a semente?

A semente é a palavra de Deus. São avisos, advertências que nos fazem refletir sobre a salvação de nossa alma enfermiça.

5) O que significa a semente que caiu ao longo do caminho?

"Todo aquele que escuta a palavra do reino e não lhe dá atenção, o espírito maligno vem e arrebata o que havia sido semeado em seu coração; é aquele que recebeu a semente ao longo do caminho". São as pessoas que se dedicam exclusivamente às coisas materiais, fechando os seus ouvidos para as coisas do espírito. O foco da atenção está na matéria; as palavras da vida eterna não lhes causam nenhum impacto.

6) O que significa a semente que caiu no meio das pedras?

"Aquele que recebeu a semente no meio das pedras é o que escuta a palavra, e que a recebe na hora mesmo com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, e não está senão por um tempo; e quando sobrevêm os obstáculos e as perseguições por causa da palavra, a toma logo como um objeto de escândalo e de queda".

7) O que significa a semente que caiu no meio dos espinhos?

"Aquele que recebe a semente entre os espinhos é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas, sufocam a palavra, e fica infrutífera".

8) O que significa a semente que caiu em terra firme?

"Mas, aquele que recebe a semente numa boa terra é aquele que escuta a palavra, que lhe presta atenção e que dá fruto, e rende cento, ou sessenta, ou trinta por um". (Mateus, cap. 12, 3 a 23)

9) Por que razão se diz que esta é a parábola das parábolas?

Porque ela sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas. Ela representa as diferenças que existem na maneira de aproveitar os ensinamentos do Evangelho. Refletindo sobre os vários tipos de semente, expostos por Jesus, podemos nos avaliar e verificar como anda o nosso progresso espiritual.

10) Como o Espírito Emmanuel nos elucida sobre esta parábola?

"Aprendendo a ciência de nos retirarmos da escura cadeia do ‘eu’, excursionaremos através do grande continente denominado ‘interesse geral’. E, na infinita extensão dele, encontraremos a ‘terra das almas’, sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir a benefício de todos". (Xavier, s.d.p., cap. 64)

11) O que se pode deduzir desta parábola?

A semente é sempre a mesma. Ela é de natureza divina. O terreno que lhe dá guarida é que deve se modificar para fazê-la crescer e dar frutos de cento por um.

Bibliografia Consultada

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39 ed. São Paulo: IDE, 1984.

XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, [s.d.p.]

São Paulo, outubro de 2008

Parábola dos Talentos

Sérgio Biagi Gregório

1) Que é uma parábola?

Parábola é uma figura de linguagem que evoca paralelismo e comparação. Diz-se uma coisa para se entender outra. Conta-se uma história para se ter um desfecho de ordem moral. As parábolas contadas por Jesus mostravam a realidade terrestre, mas o seu objetivo era chamar a atenção para a realidade espiritual.

2) Qual o conceito de talento?

a) Peso e moeda da antiga Grécia e Roma. O talento era uma moeda de conta ou imaginária usada na Grécia, valendo 60 minas, e a mina 100 dracmas, o que computava o talento em 6.000 dracmas.

b) Grau de aptidão de uma pessoa, que é capaz de adquirir conhecimentos, facilmente, em certos setores do conhecimento.

c) Para Kant, o talento é "uma superioridade da faculdade conhecedora, que não provém do ensino mas da aptidão natural do sujeito".

3) Como está expressa a "Parábola dos Talentos"?

A Parábola dos Talentos (Mateus, cap. 25, vv. 14 a 30) retrata a situação de um homem que, ao ausentar-se para longe, chamou seus servos, e entregou-lhes os seus bens. Ao primeiro deu cinco talentos, ao segundo, dois e ao terceiro, um. Os dois primeiros negociaram os talentos recebidos e devolveram, respectivamente, dez e quatro talentos. O terceiro devolveu apenas o que havia recebido. Os que multiplicaram seus talentos ganharam novas intendências. Mas o que o guardou, até este o amo lhe tirou, dizendo: "Porque a todo o que já tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; e ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que parece que tem". (Kardec, 1984, p. 207)

4) O que se deduz do texto acima?

A distribuição do trabalho foi feita de acordo com a vocação e capacidade de cada um. Bastava que eles fossem fiéis ao estabelecido. O que enterra o talento atrofia a sua personalidade.

5) O que se entende por "tirar-se-lhe-á até o que parece que tem"?

Deus não tira nada de ninguém. Porém, tudo o que não for usado, atrofia-se. É o artista que não usa o palco, o pintor que não usa o pincel, o escritor que não usa a caneta. Parece que lhe foi tirado o talento, mas este apenas está em desuso, tornando-se inútil para o cômputo geral da sociedade.

6) Como o Irmão X ilustra esta parábola?

O Espírito Irmão X, no livro Estante da Vida, psicografado por F. C. Xavier, interpreta a parábola nos seguintes termos: ao primeiro o senhor dera Dinheiro, Poder, Conforto, Habilidade e Prestígio; ao segundo, Inteligência e Autoridade; ao terceiro, o Conhecimento Espírita. O primeiro acrescenta Trabalho, Progresso, Amizade, Esperança e Gratidão; o segundo, Cultura e Experiência; o terceiro devolve intacto. Em vista do ocorrido, o senhor ordena que se tire o Conhecimento Espírita desse último e o dê aos dois primeiros. (Xavier, 1974, cap. IV)

7) Como interpretar metaforicamente esta parábola?

Metaforicamente, esta parábola refere-se à responsabilidade na multiplicação dos bens recebidos. Se o Criador houve por bem ofertar-nos a luz do Conhecimento Espírita, não podemos ocultá-lo com receio de represálias e dissabores. Espargindo a luz da verdade vamos iluminar os detentores do Poder, do Dinheiro, da Inteligência etc. Com isso, ajudaremos a construir um mundo mais justo e mais fraterno.

8) Relacione a "Parábola dos Talentos" e a riqueza.

A "Parábola dos Talentos" tem intima relação com a riqueza. Tanto é verdade que está inserida no capítulo XVI – Não se Pode Servir a Deus e a Mamon –, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. A riqueza, segundo o Espiritismo, é uma prova bem mais difícil do que a da pobreza, em virtude dos desejos e prazeres envolvidos com o dinheiro. O Espiritismo não condena a riqueza e, sim, o apego aos bens materiais. Lembremo-nos do jovem que interrogou Jesus sobre os meios de ganhar a vida eterna. Jesus lhes respondeu: "Desfazei-vos de todos os vossos bens e segui-me". O jovem recua ante esta ordem. Jesus, porém, não queria que o jovem se despojasse de todos os seus bens para que obtivesse a sua salvação. Ele queria apenas mostrar que o apego aos bens terrestres é um obstáculo à salvação.

9) O que se pode concluir desta parábola?

Deus, às vezes, nos dá uma única intendência. Cabe-nos, assim, fixar a nossa atenção e a nossa concentração nesse ponto, nesse norte. Qualquer desvio é uma grande perda para a evolução de nossa alma imortal. Empenhemo-nos em propagar o nosso talento para que toda a Humanidade possa usufruir dele também.

Bibliografia Consultada

XAVIER, F. C. Estante da Vida, pelo Espírito Irmão X. 3. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1974.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

Novembro/2006

O Rico e o Lázaro

Sérgio Biagi Gregório

1) Como está expresso o texto evangélico?

"Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e de Holanda, e que todos os dias se banqueteava esplendidamente. Havia também um pobre mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à sua porta, e que desejava fartar-se das migalhas que caiam da mesa do rico, mas ninguém lhas dava; e os cães vinham lamber-lhes as úlceras. Ora sucedeu morrer este mendigo, que foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. E morreu também o rico, e foi sepultado no inferno. E quando ele estava nos tormentos, levantando os olhos, viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. E gritando ele, disse: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda cá Lázaro, para que molhe em água a ponta do seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou atormentado nesta chama. E Abraão lhe respondeu: Filho, lembra-te de que recebeste os bens em tua vida, e de que Lázaro não teve senão males; por isso está ele agora consolado, e tu em tormentos. E demais, e que entre nós e vós está firmado um grande abismo, de maneira os que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de lá passar para cá. E disse o rico: pois eu te rogo, Pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, e não suceda eles também venham parar a este lugar de tormentos. E Abraão lhe disse: eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Disse pois o rico: não, pai Abraão, mas se for a ele alguns dos mortos, hão de fazer penitência. Abraão, porém, lhe respondeu: se eles não dão ouvidos a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que seja ressuscite algum dos mortos." (Lucas, cap. XVI, 19,31.)

2) Sintetize o texto acima.

Havia um rico (mau) e um pobre (Lázaro), que ficava à porta do rico. O rico não distribuía ao Lázaro nenhuma das migalhas que lhe sobravam.

Passou-se o tempo: Lázaro desencarna; o rico também.

No mundo espiritual, Lázaro foi acolhido no seio de Abraão; o rico foi para o Hades (Inferno).

O rico pedia para Lázaro molhar a sua língua. Abraão diz ser impossível, pois há uma barreira entre ambos. Tenta outro pedido: manda o Lázaro ir lá na Terra avisar os meus familiares sobre esses tormentos. Abraão fala que eles já têm Moisés e os profetas.

3) O rico, que atendia aos seus desejos de festa e luxúria, foi condenado a sofrer no fogo eterno. Há contradição com os ensinamentos de Jesus?

O rico foi condenado não por ser rico e desfrutar da sua riqueza, mas por não se comunicar com o pobre, por não atender à lei de cooperação, em que um deve ajudar o outro. Ele preferiu cuidar apenas de si e dos seus familiares.

4) Cuidar de si e da sua família contraria a lei natural?

Não. O que está em jogo é o problema do auxílio ao próximo e o da segurança pessoal. Nesta parábola, Jesus quer nos ensinar o desapego aos bens materiais. Lembremo-nos do homem rico que O procurou e perguntou-Lhe sobre a salvação de sua alma. Jesus disse-lhe para vender tudo e acompanhá-Lo. Este volta para as suas riquezas. Não estava preparado para largar tudo e seguir o mestre. Queria segurança, conforto, bem-estar. Jesus não quer que doemos todos os nossos bens materiais aos mais necessitados; Ele quer que combatamos o egoísmo, que sejamos desapegados desses bens.

5) segundo o relato, Lázaro, no mundo espiritual, está numa situação superior à do rico? É justo?

Na terra, Lázaro estava numa situação de "carência"; o rico, de "abundância". Isso tudo para atender à lei de causa e efeito. O rico, porém, tinha uma responsabilidade a mais: distribuir os seus bens com os mais desafortunados. Não o fez. Por isso recebeu, no mundo espiritual, as penas de sua má conduta.

6) Ser pobre é a condição necessária para ser levado ao seio de Abraão?

Não. Aqui é uma parábola e numa parábola há comparação, enigma e simbologia, que procuram mostrar outras realidades, geralmente de ordem moral e espiritual. Nesse sentido, Lázaro cumpriu o seu dever: nasceu pobre, sofreu, mas não se rebelou contra a Divina Providência. Teve méritos para ganhar o Reino de Deus.

7) O rico foi para o inferno? Todo o rico vai para o inferno?

Não. O que sucedeu é que este rico, o rico da parábola, não foi um bom rico. Um rico que não soube compartilhar os seus bens com aqueles que os tinham em falta. Um rico que se apegou à riqueza, reservando-a somente aos seus familiares. Um rico que não se colocou como usufrutuário dos bens materiais, mas como o seu possuidor.

8) O que significa esta parábola para a compreensão da riqueza e da pobreza?

O rico, por estar mais próximo dos bens materiais, teve um esquecimento temporário dos benefícios que deveria prestar ao seu próximo. Não passou pela provação que lhe foi requerida. O pobre, por não ser vítima dos desejos do dinheiro, pode suportar a conclusão de sua prova.

9) O desencarne modifica o nosso estado de relação? Por que o abismo que existia entre o rico e o Lázaro?

O abismo refere-se à condição moral e espiritual. Estando encarnados, a presença física mascara tal distância. Podemos estar juntos, mas os pensamentos podem caminhar para campos totalmente opostos, sem que isso se faça notar. Desencarnando, a realidade mostra o que cada um é interiormente. É nisso que consiste esse abismo. Nesse sentido, é possível que estejamos hierarquicamente acima de muitos irmãos. Contudo, uma vez desencarnados, eles poderão se situar em campos evolutivos muito mais superiores ao nosso.

10) O rico não podendo receber o auxílio de Lázaro, pede para que Abraão o mande de volta à terra, para avisar os seus 5 irmãos. Por que não foi atendido?

Em primeiro lugar, por que só os seus cinco irmãos? Não é uma forma de egoísmo? Em segundo lugar, Moisés e os profetas já tinham sido enviados. Como iriam escutar Lázaro, que o tinham como pobre e desprezado, se nem aos profetas eles procuraram atender?

11) O que simboliza o seio de Abraão?

Abraão simboliza o homem escolhido por Deus para preservar o sagrado repositório da fé; o homem abençoado por Deus que lhe prodiga as promessas de numerosas descendências e imensas riquezas. É pai da multidão, o homem de fé.

Abraão, patriarca bíblico vindo da Mesopotâmia para as terras de Canaã, no reino de Hamurabi, por volta de 1850 a.C. De acordo com a tradição bíblica, Deus o havia retirado de uma região politeísta, a fim de fazê-lo guardião da revelação e do culto monoteísta.

12) Por que uns são ricos e outros pobres?

Riqueza e pobreza é um problema secular à espera de uma solução. Somente a reencarnação pode nos oferecer uma luz no fim do túnel. Por que? Fisicamente, uma vez dividida a riqueza em partes iguais, não demoraria muito para voltar aos níveis atuais. Espiritualmente, o ser humano necessita de passar ora pela prova da riqueza, ora pela prova da pobreza. Aí está a grandiosidade da Lei de Deus. Estar na situação de pobre ou de rico é o menos relevante. Importa mais verificarmos se estamos ou não atendendo à vontade de Deus a nosso respeito.

13) Que ensinamentos podemos tirar desta parábola?

Esta parábola mostra a oposição que há entre amar a Deus e amar a Mamon. A riqueza não é um mal em si mesma porque, em boas mãos, ela pode promover o desenvolvimento da indústria e do comércio, propiciando melhores condições de vida para os habitantes de uma dada região. Lembremo-nos de que somos usufrutuários e não possuidores, nem mesmo do nosso corpo físico.

Novembro 2007

Cursos 24 Horas

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